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Propinas a Gim Argello chegaram a R$ 5,3 milhões, diz MPF

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SÃO PAULO e CURITIBA*. O Ministério Público Federal (MPF) disse nesta terça-feira que as propinas pagas ao ex-senador Gim Argello (PTB-DF) chegaram a mais de R$ 5,3 milhões. Este seria o montante recebido por ele para barrar investigações relacionadas às empreiteiras UTC e OAS na CPI da Petrobras, instalada em 2014. O ex-senador Gim Argello (PTB-DF) foi preso preventivamente na manhã desta terça-feira na 28ª fase da Operação Lava-Jato. Detalhes da investigação foram divulgados pela Força-Tarefa da Lava-Jato em Curitiba, também na manhã desta terça-feira.

Segundo os procuradores, Argello recebia dinheiro para não convocar empreiteiros para depor na CPI. Além de delações que indicavam a participação de Argello no esquema , a Polícia Federal disse que houve interceptações de ligações telefônicas e outros materiais apreendidos que comprovam o crime de corrupção.

A propina era recebida também por partidos e grupos políticos indicados pelo então senador — foram citados DEM, PR, PMN e PRPB.

A propina vinha por meio de doações a partidos políticos que compunham a CPI. Além disso, R$ 350 mil foram pagos à Paróquia São Pedro, em Taguatinga, no DF, frequentada por Gim. Segundo a Força-Tarefa, a paróquia foi indicada por Gim para receber doação — numa conta corrente da igreja.

A Força-Tarefa frisou que esta operação não investiga outros políticos envolvidos no esquema.

— Não temos, nos documentos da Lava-Jato, documentos de qualquer pessoa com foro — disse o procurador Carlos Fernando dos Santos Lima, salientando que esta investigação ocorreu após a separação dos processos entre quem tem foro (com o Supremo Tribunal Federal e a Procuradoria Geral da República) e quem não tem (com Curitiba).

Segundo o procurador Athayde Ribeiro Costa, “é uma gravidade e audácia de Giam (Argello) usar a CPI para cometer crimes (…) é gravíssimo usar uma CPMI para praticar crimes que deveriam ser investigados”.

— Travestir propina em forma de doações legais é uma coisa que existe há muito tempo, agora vamos nos aprofundar sobre isso — ressaltou Carlos Fernando.

A ação da 28ª fase da Operação Lava-Jato foi batizada de “Vitória de Pirro”, apura indícios de que Argello, que foi vice-presidente da CPI da Petrobras, atuou para evitar a convocação de empreiteiros para prestarem depoimento, mediante a cobrança de pagamentos disfarçados de doações eleitorais oficiais em favor dos partidos de sua base.

Gim Argello apareceu nas delações do senador Delcídio Amaral (sem partido-MS) e do dono da empreiteira UTC, Ricardo Pessoa na Lava Jato. Segundo o Ministério Público, há evidências do pagamento de propina a Gim de R$ 5 milhões pela UTC e de R$ 350 mil pela OAS. Também estão sob investigação pedidos de propina dirigidos a outras empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção na Petrobras.

A Polícia Federal cumpre 22 mandados judiciais sendo dois de prisão temporária, um de prisão preventiva, 14 de busca e apreensão e cinco de condução coercitiva. A sede da empreiteira OAS, na região central de São Paulo, é um dos alvos de busca e apreensão da nova fase.

Os presos temporariamente são Paulo Cesar Roxo Ramos e Valério Neves Campos, ambos ligados a Argello e que foram presos em Brasília. Eles serão levados a Curitiba ainda na tarde desta terça-feira.

Foram conduzidos coercitivamente: Jorge Argello Júnior, filho do ex-senador Gim, Roberto Zardi Ferreira Jorge, Gustavo Nunes da Silva Rocha, Dilson de Cerqueira Paiva Filho e Marcos Paulo Ramalho. Esses dois últimos serão ouvidos em condução coercitiva na Polícia Federal em São Paulo.

Segundo o MPF, o pagamento à paróquia é associado a uma pessoa identificada como “Alcoólico”, que seria o apelido de Gim Argello, por ser um trocadilho com a bebida “Gim”. O apelido apareceu em troca de mensagens de Léo Pinheiro com Otávio Marques de Azevedo, presidente da Andrade Gutierrez, outra empreiteira envolvida no esquema da Petrobras. (*especial para O Globo)


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