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Polícia Federal deflagra 29ª fase da Lava-Jato nesta segunda-feira

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SÃO PAULO – A Polícia Federal deflagra na manhã desta segunda-feira a 29ª etapa da Operação Lava-Jato. Agentes cumprem mandados em Brasília, Recife e Rio de Janeiro. A nova fase, batizada de “Repescagem”, mira o ex-tesoureiro do PP, João Cláudio Genu, que teve a prisão preventiva decretada. Ainda estão sendo cumpridos seis mandados de busca e apreensão e dois mandados de prisão temporária.

Genu foi condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do mensalão, em 2012, mas a punição prescreveu durante a fase de recursos. As investigações da força tarefa da Lava-Jato apontam que o ex-tesoureiro recebeu propina no esquema de corrupção da Petrobras. Os mandados de prisões temporárias foram expedidos contra Lucas Amorim Alves e Humberto do Amaral Carrilho. Os presos e o material apreendido devem ser levados ainda hoje para a PF em Curitiba.

O ex-tesoureiro do PP era um dos principais assessores do ex-deputado federal José Janene, apontado nas investigações da Lava-Jato como um dos mentores do esquema. Janene foi o responsável pela indicação de Paulo Roberto Costa à diretoria de Abastecimento da Petrobras. Em delação, Costa revelou os detalhes do esquema que abasteceu campanhas políticas do PT, PMDB e PP.

No mensalão, o ex-assessor sacou a propina em espécie das contas da empresa SMP&B Comunicação Ltda., controlada pelo ex-publicitário Marcos Valério — um dos operadores daquele esquema —, para entregar a parlamentares federais do PP. Na ocasião, foi condenado no julgamento pelo Plenário do STF por corrupção e lavagem, mas houve prescrição quanto à corrupção e lavagem. Ele foi posteriormente absolvido no julgamento dos sucessivos embargos infringentes sob o argumento de atipicidade.

“Surgiram, porém, elementos probatórios que apontam a sua participação também no esquema criminoso que vitimou a Petrobras, motivo pelo qual passou a ser investigado novamente na Operação Lava-Jato, onde as investigações apontam que ele continuou recebendo repasses mensais de propinas, mesmo durante o julgamento do Mensalão e após ter sido condenado, repasses que ocorreram pelo menos até o ano de 2013”, diz nota enviada pela PF na manhã desta segunda.

GENU ERA O OPERADOR POLÍTICO DO PP

Delações na Lava-Jato apontam Genu como um dos operadores políticos no esquema. O ex-assessor do PP foi citado pelo doleiro Alberto Youssef e pelo ex-diretor Paulo Roberto Costa. De acordo com os depoimento de Youssef, Genu operava uma “pequena parte” do esquema, por meio de um broker em um escritório de Niterói, no Rio de Janeiro.

Youssef afirmou também que, na divisão dos valores recebidos na Diretoria de Abastecimento, ele ficava apenas com 5% dos valores. O ex-diretor Paulo Roberto Costa ficava com 30%, 5% iam para Genu e outros 60% para o PP. Youssef afirmou que R$ 13 milhões foram entregues ao PP, a Genu e a Costa entre 2010 e 2011.

De acordo com os delatores, Genu tinha uma atuação relevante no esquema, arrecadando e distribuindo propina, e participava de reuniões sobre a engenharia criminosa antes e depois da morte do deputado. Os encontros com Youssef teriam acontecido até 2013.

O entregador de Youssef, Rafael Angulo contou em delação ter feito repasses em dinheiro para Genu no Rio de Janeiro, Brasília e São Paulo. As entregas variavam de R$ 5 mil a R$ 200 mil. Em um dos episódios, Angulo afirmou que chegou a um dos destinos com o dinheiro grudado ao corpo e que Genu foi buscá-lo no aeroporto. De acordo com o relato, o ex-assessor estava no banco da frente do carro e Angulo sentou atrás, tirando o dinheiro discretamente e colocando em uma pasta que já estava no local.


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