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PMDB deve adiar por mais 20 dias decisão sobre saída do governo

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BRASÍLIA — O PMDB poderá adiar por mais 20 dias, até o dia 12 de abril, a decisão sobre a saída do governo Dilma. O prazo, segundo um integrante da cúpula partidária, é para cumprir rigorosamente o que foi decidido na convenção nacional do PMDB, que aconteceu no dia 12 de março, e na qual ficou estabelecido o período de 30 dias para a tomada de posição. No entanto, o presidente da legenda, Michel Temer, resolveu encurtar o prazo porque ficou incomodado com a insistência da presidente Dilma Rousseff em nomear o peemedebista Mauro Lopes como ministro da Aviação Civil, sendo que a convenção havia proibido que integrantes do partido fossem nomeados para cargos no governo neste período de análise sobre o desembarque.

Na noite desta terça-feira, a cúpula do partido e senadores do PMDB se reunirão com Temer no Palácio do Jaburu para bater o martelo sobre o adiamento. Há resistências ainda por parte de peemedebistas mais próximos a Temer.

Pesa na transferência da data o fato de que o vice-presidente viajará para Portugal no próximo domingo, com previsão de chegada na terça-feira, em horário incerto. Em Portugal, Temer vai participar do IV Seminário Luso-Brasileiro de Direito, promovido pela Escola de Direito de Brasília do Instituto Brasiliense de Direito Público (EDB/IDP), cujo um dos sócios-fundador é o ministro do STF Gilmar Mendes.

— Temer não pode estar fora do país no momento em que tomaremos uma decisão como esta, de deixar o governo. Pode até estar eventualmente ausente da reunião, mas fora do Brasil não pode — disse um integrante da cúpula partidária, que complementou:

— A convenção definiu prazo de 30 dias, não menos do que isso. Esse tempo é importante para que o partido defina da forma mais unânime possível pela saída.

A presidente Dilma e o ex-presidente Lula estavam pessoalmente empenhados neste adiamento. Na avaliação do Palácio do Planalto, assim que o PMDB desembarcar, o cenário ficará ainda pior para o governo. Dilma pediu empenho aos sete ministros peemedebistas pelo adiamento e conversou nesta terça-feira com o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), onde fez o mesmo apelo. Ao deixar a reunião com Dilma, o peemedebista sinalizou que é contra o rompimento do PMDB com o governo. Ele disse que seu partido não pode atuar para agravar a crise.

— Sou presidente do Congresso, não substituo o diretório do PMDB. Mas o PMDB, mais do que nunca, tem que demonstrar a sua responsabilidade institucional. Se o PMDB sair do governo, e eu digo isso com a autoridade de quem não participa do governo, se sair do governo e isso significar o agravamento da crise, é uma responsabilidade indevida que o PMDB deverá assumir — alertou Renan.

Além de Dilma, Lula também esteve nesta terça-feira com Renan e com o ex-presidente José Sarney. Na conversa, segundo relatos, defendeu uma reconstrução da relação do governo com o PMDB e pediu apoio contra o impeachment.

O líder do PMDB na Câmara, Leonardo Picciani (RJ), vinha defendendo o adiamento da decisão sobre o desembarque. Segundo ele, há divergência entre peemedebistas sobre a decisão e o tempo poderia ajudar a garantir a unidade do partido.

— Mais importante que tomar um caminho A ou B é que ele não sirva para rachar o partido, mais para unir. defendo o adiamento para meados de abril, mantendo os 30 dias que foram decididos. O tempo, neste momento é benefício para a unidade — disse Picciani.

Segundo Picciani, a bancada do Rio ainda não definiu como se posicionará, mas terá a decisão se a antecipação para o dia 29 for mantida:

— Mas defendo adiar porque o tempo permite que o partido não saia rachado da decisão.


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