Brasília Amapá |
Manaus

PF indicia o ex-senador Gim Argello e o empresário Ronan Maria Pinto

Compartilhe

SÃO PAULO – Quatro dos presos na Lava-Jato foram transferidos na manhã desta terça-feira das celas da Polícia Federal para o Complexo Médico Penal da Região Metropolitana de Curitiba. O ex-senador Gim Argello e o empresário Ronan Maria Pinto foram indiciados antes de serem encaminhados ao presídio. O publicitário João Santana e a mulher dele, Mônica Moura, já são réus em duas ações por corrupção, lavagem de dinheiro e participação em organização criminosa.

Ronan Maria Pinto foi indiciado por lavagem de dinheiro, acusado de ter recebido de R$ 5,7 milhões que seriam parte de um empréstimo feito pelo PT em nome do pecuarista José Carlos Bumlai. O empréstimo não foi pago e acabou quitado fraudulentamente.

Fernando Costa, advogado de Ronan, afirmou que o indiciamento tem como base apenas o depoimento do publicitário Marcos Valério, que já havia sido condenado a 37 anos de prisão e tentava, sem sucesso, fazer um acordo com a Procuradoria Geral da República para reduzir a pena.

— Ele não tem credibilidade — afirma.

O advogado sustenta que seu cliente já havia adquirido 60% do Diário do Grande ABC antes de receber o dinheiro e quitou o restante três anos depois. Lembra ainda que os R$ 5,7 milhões recebidos têm como origem um empréstimo feito por meio de uma empresa de crédito, a ViaInvest, e que seu cliente não tinha como saber a origem do dinheiro.

— Falar em lavagem de dinheiro é uma ilação. Ele é investigado também por extorsão, mas todas as supostas vítimas negam ter sido extorquidas. Além disso, achar que Ronan queria comprar um jornal local para controlar informações sobre a morte do prefeito Celso Daniel (do PT, assassinado em 2002) é ingenuidade. É uma versão que não para em pé — afirma Costa, que pretende ver a prisão de Ronan revogada.

O ex-senador Gim Argello deve responder por corrupção. Ao argumentar ao Tribunal Regional Federal sobre a necessidade de mantê-lo preso, o juiz Sérgio Moro afirmou que “não é aceitável que agentes políticos em relação aos quais existam graves indícios de envolvimento em crimes contra a Administração Pública e lavagem de dinheiro permaneçam na vida pública sem consequências” e que o fato de ele não ter sido reeleito em 2014 não o privou do poder político e econômico. Para Moro, houve esvaziamento das contas de Argello, onde apenas R$ 46,5 mil foram bloqueados. Apenas para uma construtora, a UTC, Argello teria pedido R$ 5 milhões para que seus dirigentes não fossem chamados a depor na CPMI da Petrobras.

O juiz disse que, além de Ricardo Pessoa, da UTC, também o empresário José Antunes Sobrinho,da Engevix Engenharia, confirmou que Argello teria pedido R$ 5 milhões para que ele não fosse depor.

Nesta terça-feira, outro sócio da Engevix, Gerson Almada, apresentou alegações finais na ação que responde por corrupção ao lado do operador Milton Pascovitch e do ex-ministro José Dirceu. A defesa de Almada afirma que as acusações de que os valores pagos pela empreiteira aos dois são propina baseiam-se apenas no depoimento de Pascovitch, que atuava como lobista e já havia prestado serviços para a Engevix na privatização da Linha 5 do Metrô de São Paulo (1999), na construção e operação da Substação Patriarca da CPTM (1999) e na manutenção da rede subterrânea da Eletropaulo (2001), por exemplo. Argumenta ainda que lobby não é crime e que Pascovitch atuava como consultor para a empresa desde 1990 e, portanto, Almada não sabia que ele fazia pagamentos a Dirceu por meio de sua empresa, a Jamp.

Os advogados afirmam ainda que o Ministério Público Federal se baseia em delações — de sete testemunhas de acusação, seis são colaboradores — e que os mesmos procuradores que apresentaram a denúncia foram os que negociaram os diversos acordos de delação premiada.


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7