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PF deflagra 26ª fase da Lava-Jato e tem Odebrecht como alvo

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SÃO PAULO – A Polícia Federal deflagra na manhã desta terça-feira a 26ª fase da Operação Lava-Jato cumprindo mandados em São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Bahia, Piauí, Distrito Federal, Minas Gerais e Pernambuco. As sedes da empreiteira Odebrecht na capital baiana e no Distrito Federal são alvos de buscas.

Este é o desdobramento da 23ª fase da Lava Jato, que levou para trás das grades o marqueteiro do PT João Santana e sua mulher e sócia, Monica Moura. A nova fase foi batizada de “Xepa”.

Cerca de 380 Policiais Federais cumprem 110 ordens judiciais, sendo 67 mandados de busca e apreensão, 28 mandados de condução coercitiva, 11 mandados de prisão temporária e 04 mandados de prisão preventiva.

Os trabalhos têm em vista, segundo a polícia, que em decorrência da análise de parte do material apreendido, descortinou-se um esquema de contabilidade paralela no âmbito do Grupo Odebrecht destinado ao pagamento de vantagens indevidas a terceiros, vários deles com vínculos diretos ou indiretos com o poder público em todas as esferas.

Segundo a PF, em decorrência das buscas e apreensões e de outras diligências realizadas após a deflagração da 23ª fase da Operação Lava Jato, colheram-se indícios de que foi instalado dentro da estrutura do Grupo Odebrecht um setor profissionalmente organizado que era utilizado para pagamentos que incluíam vantagens indevidas a servidores públicos em razão de contratos firmados pela Odebrecht, chamado “setor de operações estruturadas”. Apurou-se que as tratativas acerca dos pagamentos de vantagens indevidas se estenderam até, pelo menos, novembro de 2015, conforme comprovado por troca de e-mails entre os investigados.

De acordo com as evidências surgidas, este setor tinha dentre suas missões viabilizar, mediante “pagamentos paralelos”, atividades ilícitas realizadas em favor da empresa. Para operacionalizar o esquema ilícito, foi instalado dentro do Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht um sistema informatizado próprio, utilizado para armazenar os dados referentes ao processamento de pagamentos ilícitos e para permitir a comunicação reservada entre os executivos e funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas. Além disso, para viabilizar a comunicação secreta entre executivos, funcionários da Odebrecht e doleiros responsáveis por movimentar os recursos espúrios, utilizava-se outro programa, em que todos se comunicavam por meio de codinomes.

A partir da análise de e-mails e planilhas apreendidas, a investigação apurou que pelo menos 14 executivos de outros setores do Grupo Odebrecht, que demandavam “pagamentos paralelos”, encaminhavam aos funcionários as diversas solicitações de pagamentos ilícitos, de forma que a contabilidade paralela e a entrega desses valores ficassem centralizados nesta estrutura específica. A PF diz que essas evidências abrem uma nova linha de apuração de pagamento de propinas em função de variadas obras públicas.

Além disso, a partir das planilhas obtidas e das anotações contidas no celular de Marcelo Odebrecht, obtiveram-se mais evidências contundentes de que este, então presidente da Odebrecht, não apenas tinha conhecimento e anuía com os pagamentos ilícitos, mas também comandava diretamente o pagamento de algumas vantagens indevidas, como, por exemplo, as repassadas aos publicitários e também investigados Monica Moura e João Santana.

Os investigados responderão pelos crimes de corrupção, evasão de divisas, organização criminosa e lavagem de ativos.

Os investigados conduzidos coercitivamente serão ouvidos em suas respectivas cidades, enquanto os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde haverá uma coletiva às 10h.

OUTRO LADO

Em nota divulgada à imprensa nesta terça-feira, a Odebrecht confirma que a Polícia Federal cumpriu hoje mandados de prisão, condução coercitiva e busca e apreensão em escritórios e residências de integrantes em algumas cidades no Brasil. “A empresa tem prestado todo o auxílio nas investigações em curso, colaborando com os esclarecimentos necessários”, diz a nota.

MANDADOS JUDICIAIS

28 mandados de condução coercitiva

(alvos com múltiplos endereços)

11 mandados de prisão temporária

(alvos com múltiplos endereços)

04 mandados de prisão preventiva

(alvos com múltiplos endereços)

Os 67 mandados de busca e apreensão estão divididos da seguinte forma:

São Paulo: Guarujá (1), Guarulhos (1), Jundiaí (2), Valinhos (1) e São Paulo (25)

Rio de Janeiro: Angra dos Reis (1), Rio de Janeiro (17)

Bahia: Salvador (7), Mata de São João (1)

Distrito Federal: Brasília (4)

Pernambuco: Recife (4)

Minas Gerais: Belo Horizonte (2), Nossa Fazenda (1)

Rio Grande do Sul: Porto Alegre (1)


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