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Pedro Paulo tenta se descolar do desgaste do PT

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RIO — Guiado por uma pesquisa que indicou alta rejeição à associação com a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o pré-candidato do PMDB à prefeitura do Rio e secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo, fez questão de comparecer à reunião do Diretório Nacional de seu partido, na última terça-feira, que oficializou o desembarque do governo federal e pretendia ser um motor do processo de impeachment.

Pesquisa encomendada pelo PMDB do Rio, segundo integrantes do partido, mostrou que 80,4% da população rejeitam a aliança com o PT. O dado foi a gota d’água para os peemedebistas fluminenses, até então a ala da sigla mais fiel a Dilma, decidirem retirar o apoio ao governo.

A sondagem foi feita logo após a divulgação, em 16 de março, de conversa entre o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e Lula, gravada pela Operação Lava-Jato. No diálogo, Paes presta solidariedade ao petista e classifica como um “absurdo” sua condução coercitiva, pela Polícia Federal, para prestar depoimento. “Aqui o senhor tem um soldado”, diz Paes.

A preocupação do PMDB era com o impacto da declaração do prefeito sobre Maricá, cidade na Região dos Lagos chamada por ele de “uma merda de lugar”. Integrantes do partido disseram, porém, que o desgaste maior foi pela associação com Lula, Dilma e o PT.

Antes desse episódio, Pedro Paulo já fora alvo de manifestantes pró-impeachment que se reuniram em Copacabana, Zona Sul do Rio, em 13 de março.

Na ocasião, o nome do pré-candidato do PMDB foi citado no carro de som do Vem Pra Rua como um dos apoiadores do governo federal e vaiado pela multidão. Os organizadores aproveitaram para lembrar as denúncias de agressão de Pedro Paulo à sua ex-mulher.

Procurado por meio de sua assessoria de imprensa, o secretário municipal de Governo não retornou a ligação.

PETISTAS AMEAÇAM ROMPER ALIANÇA

A ida do secretário municipal de Coordenação de Governo, Pedro Paulo, à reunião do Diretório Nacional do PMDB que definiu a saída do governo federal aumentou a irritação do PT. O partido ameaça retirar o apoio à candidatura do peemedebista à prefeitura do Rio. Os petistas têm cargos no primeiro escalão da administração de Eduardo Paes (PMDB), inclusive o de vice-prefeito, ocupado por Adilson Pires.

— Se o PMDB do Rio votar pelo impeachment, o PT desembarca — disse o senador Lindbergh Farias (PT-RJ).

Depois que o PMDB do Rio rompeu com o governo Dilma, o presidente estadual do PT, Washington Quaquá, chegou a defender a retirada do apoio a Pedro Paulo. Os petistas estudam lançar candidatura própria ou compor uma chapa com o PCdoB. Os deputados Wadih Damous (PT) e Jandira Feghali (PCdoB) são nomes cotados. Adilson Pires, porém, tenta colocar panos quentes.

— Não faz sentido esgarçar ainda mais a corda agora. Nossa prioridade é impedir o impeachment. O PMDB tem 68 deputados, e não dá para imaginar que todos vão votar pelo impeachment — pondera.

O distanciamento, no entanto, já chegou à Câmara dos Vereadores, onde foi protocolado pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar as obras das Olimpíadas, no rastro da Operação Lava-Jato. Os três vereadores petistas — Reimont, Edson Zanata e Elton Babu — apoiaram a iniciativa. Reimont afirmou que assinaria o requerimento de criação da CPI mesmo que o PMDB não tivesse retirado o apoio à presidente Dilma Rousseff. Ele defende que o partido entregue os cargos e não apoie Pedro Paulo:

— O PT tem que romper com o PMDB no Rio. Muita gente no partido levanta essa tese, que agora ganha mais corpo, porque o PMDB foi muito desonesto com a presidenta Dilma. Existe um grupo do PT, e eu estou incluído nele, que não fará a campanha do Pedro Paulo, mesmo que esta seja a decisão do partido.


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