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Parada Gay em São Paulo tem protestos contra governo Temer

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SÃO PAULO – Aos poucos, um número cada vez maior de pessoas fazia selfie com um cartaz enigmático nas mãos. Trazia a mensagem “AMAR SEM TEMER”, dúbia, considerando a situação política do país e o local onde as fotos eram tiradas. Na Avenida Paulista, palco da 20ª Parada Gay neste domingo, a luta contra o preconceito de gênero e ataques ao governo interino de Michel Temer estavam lado a lado, melhor, “juntos e misturados”.

Com expectativa de reunir 2 milhões de pessoas, a Parada começou com grupos isolados pregando contra o que chamavam de governo golpista. Integrantes da Associação Nacional LGBT fizeram batucada e gritavam a plenos pulmões “Fora Temer”. Homens vestiam saias, mulheres batucavam surdo e tamborim.

– Estamos aqui pra gritar não só contra o preconceito, mas contra o golpe também – disse um deles, que se identificou como Luiz Augusto.

Uma bandeira do Brasil tremulava discretamente na esquina da alameda Casa Branca. As cores tradicionais foram substituídas pelo rosa bebê. No lugar do “Ordem e progresso”, o arco-iris, símbolo da causa gay. Jorge Santos, que levou o adereço para a manifestação, mostrava orgulhoso o cartaz “Temer Jamais”.

Fernando Quaresma, presidente da Associação da Parada do Orgulho LGBT, disse que o evento sempre foi político, e que todas as pessoas têm o direito de manifestar. Para ele, a perda de status de alguns ministérios que atuam a favor das minorias dá combustível para os que estavam ali na avenida criticar o governo de Temer.

– Está previsto na Constituição. Não é algo pessoal contra esse ou aquele governo, mas não admitiremos retrocessos. Ministérios importantes, como o dos Direitos Humanos, das Mulheres e da Igualdade Racial perderam o status. É aqui em São Paulo que tem que ecoar o grito dos que estão fazendo uma parada com poucas pessoas lá no interior e que não tem visibilidade – explicou ele.

O tom político e social da Parada, aos poucos, foi dando lugar à festa propriamente dita, com dancinha atrás de carro de som embalada por Catuaba selvagem, tomada no gargalo. E uma histeria diante dos astros de “Sense 8”, série americana que faz sucesso também no Brasil. Os atores desfilaram em cima de um dos carros da organização. posaram para fotos, distribuiram beijos e teve até quem descesse até o chão ao aldo de drags.

Neste ano, os 17 trios elétricos que fazem parte do evento não trazem mensagens contra ou a favor de políticos. Cada um deles traz a bandeira T e mensagens que representam cada um dos segmentos.

A parada chega a sua 20ª edição com o tema “Lei de identidade de gênero, já – Todas as pessoas juntas contra a Transfobia”. Por volta das 12h, eles devem começar a deixar a avenida em direção à Praça Roosevelt, onde está prevista a dispersão.

Os organizadores prometem fazer uma grande mobilização para que o projeto de autoria dos deputados Jean Wyllys (PSOL-RJ) e Erika Kokay (PT-DF), atualmente em tramitação na Câmara dos Deputados, seja aprovado. Ele prevê que travestis, transexuais e transgêneros possam solicitar mudança de nome e emissão de nova carteira de identidade.

– O preconceito está em todos os grupos, mas o segmento T é a ponta mais frágil da comunidade LGBT. Infelizmente, ainda não temos uma lei que trate disso – disse Quaresma.

Na semana passada, o prefeito Fernando Haddad (PT) assinou um decreto que põe o evento no calendário oficial da cidade. A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo é considerada uma das maiores do mundo.


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