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Nova fase da Lava-Jato tem marqueteiro João Santana como alvo

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SÃO PAULO E RIO — A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta segunda-feira, a 23ª fase da Operação Lava-Jato, batizada de “Acarajé” em alusão ao termo utilizado por investigados para denominar dinheiro em espécie. O publicitário João Santana é um dos alvos desta etapa. Foram expedidos mandados de prisão para ele e sua mulher e sócia, Monica Moura. Ambos estão na República Dominicana. Os nomes de ambos serão incluídos na lista da Interpol. Também foi preso o engenheiro Zwi Skornick, suspeito de operar o esquema de propina na Petrobras. O empresário Marcelo Odebrecht também é alvo de um mandado de prisão. Ele está preso desde junho e será encaminhado, nesta segunda-feira, a Curitiba para ser ouvido.

Cerca de 300 agentes cumprem 51 mandados, sendo 38 de busca e apreensão, 2 de prisão preventiva, 6 de prisão temporária e 5 de condução coercitiva. As ações acontecem em três estados. No Rio, os agentes estão na capital, em Angra, Petrópolis e Mangaratiba. Também há cumprimento de mandados na capital paulista, em Campinas e Poá, em São Paulo. Na Bahia, os policiais federais atuam em Salvador e Camaçari.

SUSPEITA DE RECEBER US$ 7,5 MILHÕES

João Santana foi marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e da campanha da reeleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006. Há mandado de prisão temporária expedido contra ele e sua mulher e sócia, Monica Santana. O casal está na República Dominicana, onde trabalham na campanha de Danilo Medina à reeleição, e, por isso, não foram presos. À Globonews, Monica disse que voltará ao Brasil assim que receber a notificação da Justiça.

O publicitário é acusado de receber US$ 7,5 milhões em contas no exterior através de uma offshore identificada pela Lava-Jato. Parte dos pagamentos teriam sido feitos, segundo os investigadores, pela Odebrecht. Foram identificados quatro depósitos entre abril de 2012 e março de 2013 que totalizaram US$ 3 milhões.

Outra parte teria origem em contas do engenheiro Zwi Skornicki, que foi preso preventivamente nesta segunda-feira. Ele teria feito nove depósitos à offshore que perteceria a João Santana, entre 2013 e 2014, que totalizariam US$ 4,5 milhões. De acordo com os investigadores, os valores passaram por bancos em Londres e Nova York antes de chegar à Suíça. A suspeita da PF é de que o pagamento veio de serviços eleitorais prestados ao PT.

— Chama à atenção, e por isso a gente imputa o crime de lavagem a João Santana, que nos extratos do Citibank há clara referência de que os depósitos estavam relacionados a contratos — afirmou o delegado Filipe Hille Pace.

João Santana passou a ser investigado em um inquérito sigiloso após suspeitas de manter contas no exterior, com origem não declarada. Um dos indícios da existência das contas para a Polícia Federal são anotações apreendidas na casa de Zwi Skornicki. Segundo a revista “Veja”, as anotações foram atribuídas à Monica Moura, que teria indicado as contas do marido fora do país. Na ocasião, Santana negou a prática de caixa 2 por meio de sua empresa, a Pólis Propaganda & Marketing.

AGENTES EM SEDES DA ODEBRECHT

A PF também cumpriu mandado de prisão preventiva contra Zwi Skornicki, que é suspeito de operar proninas no esquema da Petrobras. Ele foi preso em casa, na Barra da Tijuca, no Rio.

Os agentes também estiveram nas sedes da Odebrecht em São Paulo, no Rio e na Bahia. Dois carros da PF foram à Avenida Pasteur, onde fica a Odebrecht Óleo e Gás, e na Praia de Botafogo, na sede da construtora, ambos no Rio. Eles chegaram ao local por volta de 7h30m e permanecem dentro da sede da empresa.

Na sede da Odebrecht Óleo e Gás no Rio, funcionários foram dispensados após a chegada dos agentes da PF. Só ficaram no prédio aqueles cujo trabalho seria essencial para o desenrolar da operação, como, por exemplo, o fornecimento de senhas dos computadores. As portas foram fechadas e ninguém pode entrar. Por volta das 10h30m, um entregador que precisava levar um pacote para uma funcionária foi barrado e precisou voltar.

Em nota, a Odebrecht informou que a empresa “está à disposição das autoridades para colaborar com a operação em andamento”.

CAMPANHAS NA MIRA

No sábado, João Santana se colocou à disposição para prestar esclarecimentos à força tarefa da Lava-Jato após o juiz Sérgio Moro negar a seus advogados o acesso às investigações envolvendo o publicitário. Santana comandou as três últimas campanhas do PT à Presidência — da presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, e a do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2006.

Em ofício encaminhado ao juiz Sérgio Moro, o criminalista Fabio Tofic, que representa o publicitário e sua mulher, afirmou que os dois estão dispostos a prestar esclarecimentos em qualquer investigação que envolva os seus nomes. Tofic afirma que o casal “foge completamente ao perfil de investigados” na Operação Lava-Jato.

A última fase da Lava-Jato foi deflagrafa no dia 22 de janeiro e teve como alvo de investigação a abertura de empresas no exterior e a compra de apartamentos no Condomínio Solaris, no Guarujá. Na ação, chamada de Triplo X.


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