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‘Nem-nem’: governo brasileiro procura solução para jovens que nem estudam, nem trabalham

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'Nem-nem': governo brasileiro procura solução para jovens que nem estudam, nem trabalham

Brasil – Um cenário de desalento tem afetado os jovens brasileiros, com 36% deles encontrando-se sem estudar ou trabalhar, de acordo com dados da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). Esse fenômeno preocupa especialistas e lideranças juvenis, que alertam para o desperdício de talentos e potencial de uma geração que se sente excluída e à margem da sociedade.

A pesquisadora Mônica Peregrino, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio), especialista em juventude, destaca a singularidade do jovem brasileiro, que vê o trabalho como parte importante de sua identidade. No entanto, ela lamenta que a transição para o mercado de trabalho seja abrupta e sem mediação, especialmente para os mais pobres, que enfrentam uma falta de integração social.

O Relatório Education at a Glance, de 2022, aponta o Brasil como o segundo país com maior proporção de jovens nem-nem na OCDE, ficando atrás apenas da África do Sul. A situação afeta principalmente os jovens mais pobres, mulheres, e jovens pretos e pardos, que acabam se desvinculando das oportunidades educacionais e profissionais.

Mônica Peregrino aponta que as recentes reformas no país dificultaram ainda mais a permanência dos jovens na escola e o ingresso no mercado de trabalho. A reforma do ensino médio, por exemplo, aumentou o tempo de estudo para os jovens, mas diminuiu a oferta de escolarização regular noturna em alguns estados, o que prejudica aqueles que tentam se integrar. Além disso, a reforma trabalhista precarizou ainda mais as condições de trabalho para os jovens.

A falta de perspectivas e o cansaço gerado por anos de dificuldades têm impactado o desalento juvenil. Os jovens buscam integração, mas enfrentam inúmeras barreiras e dificuldades para alcançar seu pleno potencial na sociedade. É essencial ouvi-los e entender suas necessidades específicas para desenvolver políticas eficazes.

A presidente eleita da União Nacional dos Estudantes (UNE), Manuella Mirela, destaca a importância de aproveitar a janela demográfica do país, período em que a população economicamente ativa é maior, para avançar economicamente e envolver os jovens. Para ela, é crucial retomar incentivos ao trabalho decente, implementar programas para conter a evasão escolar, investir na educação técnica e manter o foco na formação adequada dos jovens.

Jade Beatriz, presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), ressalta a alta taxa de evasão no ensino médio, que falha em preparar os jovens para a vida adulta e o mercado de trabalho. Investimentos em escolas técnicas podem conter essa evasão e permitir que os jovens encontrem um caminho para o trabalho decente e a educação superior.

Diante desse cenário desafiador, é urgente implementar políticas que apoiem e incentivem a juventude brasileira, considerando suas especificidades e necessidades, para que possam alcançar seu pleno potencial e contribuir para o desenvolvimento do país. Somente ouvindo os jovens e investindo em educação e oportunidades poderemos construir uma sociedade mais inclusiva e próspera para as próximas gerações.

Créditos: Agência Brasil


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