Não é devido às pedaladas que Dilma deixa o Planalto
Alguns pitacos despretensiosos sobre questões fundamentais que nos levaram a este histórico 11 de maio:
1) Dilma foi vítima de um golpe?
É razoável o argumento governista de que as “pedaladas” fiscais são uma razão questionável para uma solução tão drástica quanto o impeachment de um presidente, muito embora sejam um artifício rasteiro de maquiagem das contas públicas. Mas os dois lados do muro de Brasília sabem que o afastamento não se deu por essa razão. Dilma Rousseff levou o país à bancarrota, desprezou o Congresso Nacional, destruiu todas as pontes políticas e não é benquista nem dentro de seu partido, o PT. Em português claro, seu governo fracassou, perdeu as condições necessárias para seguir adiante.
2) Mas o impeachment não prevê que haja crimes de responsabilidade?
Sim, e há incontáveis juristas para defender que eles foram cometidos ou para defender que não. Um debate eterno, com bons argumentos para ambos os lados. Mas o fato é que impeachment não é um juízo penal. Em muitos países de língua espanhola é chamado inclusive de “juicio político” (juízo político), um mecanismo de freio e contrapeso lógico para um regime não parlamentarista. No Brasil, foi usado contra todos os presidentes pós-redemocratização. Muitos pedidos foram movidos pelo PT. Teriam sido todos tentativas de golpe contra a democracia?
3) Temer será capaz de resolver a crise?
A situação do peemedebista é dramática. Seu, digamos, pré-governo já começou mal, com movimentos erráticos e promessas feitas e descumpridas. Temer sinalizou com um Ministério enxuto e formado por “notáveis” (pior palavra impossível). O tempo é mínimo, a economia continua em frangalhos, o peemedebista terá de lidar com um Congresso nível Waldir Maranhão e, de quebra, tem encontro marcado com o processo de cassação de sua chapa no Tribunal Superior Eleitoral.
4) Lula tem chances de voltar em 2018?
Sim e não. É incrível que, diante de tanta crise, ninguém tenha ocupado o espaço do petismo e ele ainda apareça bem cotado em pesquisas. Na política, o tempo cicatriza pecados, e retornos improváveis acontecem aos montes. Por outro lado, Lula se lambuzou demais e dificilmente escapará de uma condenação nas mãos de Sérgio Moro, o que complica tudo.
5) E a oposição?
Alguém viu?