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Morre militar que presenciou torturas contra Dilma

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SÃO PAULO — Um dos citados por estar presente em sessões de tortura contra a então militante Dilma Rousseff, durante o período em que esteve presa em São Paulo, o capitão reformado Homero Cesar Machado morreu na quinta-feira, em São Paulo, aos 75 anos. A família despediu-se de seu corpo nesta sexta-feira durante cerimônia na capital paulista, mas a cremação está prevista para sábado. A causa da morte não foi divulgada.

Ex-dirigente da Operação Bandeirante (Oban) em 1969, e do DOI-Codi, Homero Machado foi citado no relatório final da Comissão Nacional da Verdade (CNV) como responsável por “tortura até a morte e ocultação de cadáver” durante a ditadura militar (1964-1984).

Foi mencionado como comandante das equipes de tortura responsáveis por agredir os presos políticos Roberto Macarini e Heleny Ferreira Telles, militantes da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR); Virgílio Gomes da Silva, militante da Ação Libertadora Nacional (ALN); e o frade dominicano Frei Tito (1945-1974), que se suicidou anos mais tarde.

Em 2010, foi alvo de ação civil pública requerendo a responsabilização do militar por chefiar equipes de tortura que atuaram em órgãos da repressão em São Paulo.

Em entrevistas, a ex-presidente Dilma Rousseff citou o militar Benoni de Arruda Albernaz, morto em 1992, como o principal responsável pelas sessões de tortura a que foi submetida. Ela também citou Homero e Maurício Lopes Lima como militares que presenciavam os atos de violência na sala das sessões.

Em 2012, manifestantes da Frente do Esculacho Popular promoveram um ato em frente à casa de Homero Machado, em São Paulo. Aos gritos de “você é torturador, não vai ter sossego”, o grupo distribuiu panfletos na vizinhança e colocou uma coroa de flores na entrada do edifício, com fotos de vítimas do militar.

Durante depoimento à CNV, em setembro de 2014, Homero disse não se lembrar o nome dos policiais que faziam parte de sua equipe de interrogadores. “Minha memória pode falhar muito (…) Aí eu teria que dar nomes de pessoas já falecidas, de pessoas que estão muito doentinhas”, desconversou. Ele negou ter assistido a sessões de tortura. E disse que, para ele, “ex-guerrilheiros” ainda deveriam ser chamados de “terroristas”.


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