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Moro mandou suspender escuta de Lula antes da última conversa com Dilma

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SÃO PAULO — O juiz Sérgio Moro havia determinado que a Polícia Federal suspendesse a interceptação telefônica do ex-presidente às 11h12m desta quarta-feira. A gravação em que a presidente Dilma Rousseff diz ex-presidente Lula que está encaminhando o termo de posse na Casa Civil, para usar se fosse necessário, foi feita mais de duas horas depois, às 13h32m.

— Assim, determino a sua interrupção. Ciência à autoridade policial com urgência, inclusive por telefone — afirmou Moro. A Polícia Federal deu ciência à decisão do juiz às 12h43m.

O áudio com a gravação da conversa entre Dilma e Lula foi inserido no inquérito às 15h37m. O juiz Sérgio Moro decidiu liberar o sigilo do inquérito às 16h19m.

Em nota, a PF informou que a interrupção de interceptações telefônicas é realizada pelas próprias empresas de telefonia móvel e que, após receber a notificação judicial, a PF “imediatamente comunicou a companhia telefônica”.

Segundo a PF, até o cumprimento da decisão judicial pela companhia telefônica, foram interceptadas algumas ligações. Quando a empresa parou de enviar o sinal “foi elaborado o respectivo relatório e encaminhado ao juízo competente, a quem cabe decidir sobre a sua utilização no processo”.

Ao levantar o sigilo, o juiz Sérgio Moro afirmou em despacho que a decisão permite saudável escrutínio público sobre a atuação da administração pública e da própria Justiça criminal.

— A democracia em uma sociedade livre exige que os governados saibam o que fazem os governantes, mesmo quando estes buscam agir protegidos pelas sombras — afirmou o juiz.

As gravações foram juntadas ao inquérito que investigava as atividades do Instituto Lula às 15h37m. O juiz afirmou que, apesar de existirem diálogos com autoridades com foro privilegiado, “somente o terminal utilizado pelo ex-presidente foi interceptado e jamais os das autoridades com foro privilegiado, colhidos fortuitamente”, numa referência à presidente Dilma Rousseff e a ministros, como Jaques Wagner, que ocupava a Casa Civil.

— Constata-se que o ex-presidente já sabia ou pelo menos desconfiava de que estaria sendo interceptado pela Polícia Federal, comprometendo a espontaneidade e a credibilidade de diversos dos diálogos — escreveu Moro em despacho divulgado nesta quarta.

Segundo juiz, “alguns diálogos sugerem que tinha conhecimento antecipado das buscas” realizadas no último dia 4 de março.

O pedido para a quebra do sigilo foi apresentado a Moro pelo Ministério Público Federal. Os procuradores argumentaram que não havia motivo para manter o sigilo, já que a investigação havia se exaurido e que caberia ao Procurador Geral da República e ao Supremo Tribunal Federal “realizar juízo de valor sobre os fatos apontados”.

Para os procuradores, as gravações mostraram mobilização de grupos para instigar manifestações públicas contra a investigação e contatos com pessoas com foro privilegiado onde há indícios de que procuram “turbar as investigações”.


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