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Ministro da Transparência diz não acreditar que Lava-Jato provoque mudanças

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BRASÍLIA — O ministro da Transparência, Fiscalização e Controle, Torquato Jardim, declarou não acreditar que a Operação Lava-Jato provoque mudanças concretas no Brasil durante entrevista em Teresina, no Piauí, em 18 de maio, treze dias antes de assumir a pasta. Ao jornal “O Diário do Povo do Piauí”, Torquato também fez críticas aos partidos políticos, a que chamou de “balcão de negócios”. Ele foi convidado a integrar o Ministério do governo interino de Michel Temer no 1º de julho. Seu antecessor, Fabiano Silveira, foi demitido após ser flagrado em conversa na qual orienta o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), a não antecipar informações à Procuradoria-Geral da República na Lava-Jato.

A entrevista ao jornal “O Diário do Povo do Piauí” foi publicada na quinta-feira, dia 2. Nela, Torquato citou outros episódios da história recente do país, como o Mensalão, para argumentar sua opinião.

— O que mudou com o impeachment de Collor? O que mudou no Brasil depois da CPI do Orçamento quando os sete anões foram cassados? O que mudou com o mensalão? O que vai mudar com a Lava Jato? — declarou Torquato Jardim. — Enquanto o mensalão estava sendo condenado, a Lava Jato estava sendo operada. Eles aconteceram ao mesmo tempo.

Segundo o jornal do Piauí, Torquato afirmou que as medidas contra corrupção não surtem efeito porque os envolvidos em denúncias voltam a ser eleitos para cargos públicos. O novo ministro se referiu aos programas sociais como forma de ganhar votos.

— Vivemos num país em crise. Não sei qual a esperança que temos. O Brasil vive da ração e não da razão. O estado de São Paulo reelegeu todos que eram réus no Mensalão, menos um deputado federal. Qualquer programinha social onde se distribua bônus disso, bônus daquilo, se ganha a eleição — alegou.

Torquato disse, ainda, que os partidos políticos são “balcão de negócios”, segundo o jornal de Teresina:

— Partido político é um balcão de negócios, todos com o mesmo programa, com o mesmo propósito. É isso hoje o partido político no Brasil

Na entrevista, o novo ministro fez críticas à sociedade brasileira.

— Nada aqui é relevante para a história da humanidade. Estamos sempre imitando o modelo de alguém a todo tempo, e não chegamos a lugar nenhum. Nunca paramos para pensar quem nós somos — disse.

Em entrevista ao GLOBO na quarta-feira, depois de ser confirmado no ministério, Torquato disse que dará prioridade em sua gestão aos acordos de leniência firmados com empresas investigadas na Lava-Jato. Na avaliação do advogado, restabelecer a atividade dessas empresas é um fator importante para a retomada econômica do país e para a geração de novos empregos.

— Sem dúvida (os acordos de leniência serão prioridade). Há muitos programas de governo que precisam ser retomados, para reativar a atividade econômica e a geração de emprego. Isso passa pela retomada do setor afetado pela Lava-Jato, que são as empresas investigadas. É importante a retomada das atividades dessas empresas — declarou Torquato Jardim.


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