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Marina Silva pede ‘serenidade’ para lidar com impeachment

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BRASÍLIA – Em uma reunião em Brasília com os parlamentares e dirigentes da Rede na noite desta quarta-feira, a ex-senadora Marina Silva, fundadora do partido, pediu “serenidade” e “responsabilidade” aos companheiros de legenda para lidar com o aprofundamento da crise política que convulsiona o país. O encontro foi realizado para que os integrantes discutissem que posição tomar a respeito do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, instalado nesta quinta-feira na Câmara. Após varar a madrugada, a reunião acabou por volta das 3h desta quinta-feira sem que a Rede fechasse questão a favor ou contra o impedimento de Dilma.

Ex-petista e crítica do governo, Marina atentou para o momento “extremamente grave” que o país enfrenta e disse aos presentes que não valia a pena “entrar no jogo” de nenhum dos lados, nem da oposição e nem dos defensores do governo. A ex-presidenciável, que teve mais de 20 milhões de votos nas eleições de 2014, afirmou que ambos os lados fazem uma disputa polarizada que não interessa à Rede ou ao país e lembrou que nos dois pólos há investigados na Operação Lava-Jato.

– Ela falou que o momento é extremamente grave, que exige muita prudência e cuidado, e que não adianta entrar no jogo de defender um lado ou outro, porque ambos fazem uma disputa política e partidária, inclusive com vários envolvidos em esquemas da Lava-Jato. Então ela pediu para tomarmos muito cuidado e vamos nos reunir mais vezes para tomar essa decisão mais em conjunto e com mais responsabilidade – disse ao GLOBO o deputado Aliel Machado (PR), vice-líder da Rede na Câmara e o único integrante do partido na Comissão do Impeachment.

Apesar de admitir que há divisão no partido, Aliel Machado disse que vai aguardar o prazo de defesa da presidente Dilma para só depois se posicionar sobre o impeachment.

– Eu prefiro ainda não dizer o meu voto para que as coisas caminhem, o momento de dizer isso é na hora de votar, é uma situação gravíssima e não quero ser nem oportunista e nem omisso nessa discussão. É preciso coerência e responsabilidade sem entrar na discussão polarizada – opinou o deputado.

‘NÃO VOU TITUBEAR’

O deputado disse que a decisão é de cunho pessoal, mas que levará em consideração a opinião de Marina e dos demais correligionários e que não será influenciado pela temperatura elevada das ruas. Machado afirmou que “não vai titubear” na hora de dar o seu voto:

– Para votar, eu vou ouvir muito sim, vai ter muito valor o posicionamento da bancada e do partido, da Marina e da Executiva da Rede. Estou muito tranquilo e sereno, não gosto de trabalhar lidando com pressões. Na minha cidade, em Ponta Grossa (PR), a redução da maioridade penal tinha apoio de 92% das pessoas e eu não titubeei e votei contra. Não podemos titubear. É óbvio que tem uma pressão e cobrança de todos os lados, mas isso não me influencia, pode ter certeza. Fui eleito para tomar decisões. e preciso ter responsabilidade com o meu voto.

Sem anunciar como votará na Comissão do Impeachment, Aliel Machado criticou a seletividade das investigações da Lava-Jato, posição compartilhada por petistas e aliados do governo.

– Temos um sistema político corrompido em todas as instâncias, e ele está se esgotando. É nesses momentos, em que a população toma medidas drásticas no sentido de apostar em qualquer coisa, que surgem as maiores atrocidades de propostas, você vê no mundo o caso do Hitler, do Mussolini, indicações de Bolsonaro… isso é um perigo, mas acredito que é um momento que podemos superar, mas caso a presidente Dilma seja impedida, não resolve o problema. Temos um problema endêmico dentro da política brasileira, isso é muito grave.

– Defendo as investigações, mas sem seletividades. A Justiça tem que entender que é o estado de direito democrático e que não vale tudo, ela não pode ser seletiva, concentrar em algumas pessoas e deixar de concentrar em outras, porque assim você direciona o ódio da população. O momento é extremamente grave, mas acho que podemos superar.


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