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Manifestantes fazem protesto pró-Dilma em Brasília

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BRASÍLIA – Manifestantes fazem marcha nesta quinta-feira pela democracia, em defesa da presidente Dilma Rousseff e contra o impeachment. Após concentração em torno do estádio Mané Garrincha, militantes deixaram o local acompanhados por sete carros de som. A Polícia Militar estimou às 16h20 um público de cerca de 9 mil pessoas.

No gramado em frente ao congresso, os manifestantes estenderam uma faixa enorme verde e amarela, com letras vermelhas que dizem “não vai ter golpe”. Houve vários gritos de ordem contra o impeachment, chamado de golpe, contra a imprensa e contra o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), adversário do governo.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) se juntou as manifestantes. Em frente ao Congresso, ela era bastante tietada, com várias pessoas pedindo para tirar foto com a parlamentar.

Não houve, até o momento, registro de incidentes, informou a Secretaria de Segurança Pública do DF. Um efetivo com 870 policiais acompanham o ato. Esse número poderá ser aumentado se houver necessidade. Há também cerca de 200 militares do Corpo de Bombeiros.

Mais cedo na concentração em frente ao Mané Garrincha, militantes discursam contra o “golpe”, referindo-se ao processo de impeachment em curso na Câmara, enquanto ressaltam a importância de programas sociais, como o Pronatec e o Minha Casa, Minha Vida.

Os manifestantes receberam coletes vermelhos da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e água em um espaço montado pela entidade. Outras centrais sindicais apoiam o ato, além de movimentos sociais, como o de Trabalhadores Rurais Sem Terra, e associações de classe.

Em um dos carros de som, o juiz Sérgio Moro, de Curitiba, aparece em um cartaz que o chama de golpista. Há caravanas de cidades de todas as regiões do país. Dezenas de ônibus se enfileiram no local, trazendo manifestantes. A referência ao golpe de 1964 é mencionada nos discursos e faixas. A ideia é colocar 100 mil pessoas em Brasília hoje, como um contraponto ao enfraquecimento do governo Dilma.

Embora os gritos de “Não vai ter golpe” unifiquem os manifestantes em defesa da presidente Dilma Rousseff, cada um traz razões particulares para participar do ato. O estudante Pedro Eguti, de 17 anos, considera que a tentativa de tirar Dilma é uma reação à distribuição de renda no país.

— Os resultados dos governos Lula e Dilma estão aparecendo agora. Negros, mulheres, gays estão tendo mais direitos. Há educação para mais gente. Mas uma parte não aceita essas mudanças — diz Pedro, com uma camiseta com o rosto de Dilma.

A camiseta de Laudivo Fischer é azul, que remete ao PSDB, principal partido de oposição. Mas ele se apressa em explicar que se trata da cor da Federação dos Trabalhadores nas Indústrias do Estado de Santa Catarina, entidade da qual é secretário-geral. Com 38 ônibus de sindicatos ligados à federação, ele veio de Santa Catarina a Brasília por temer mudanças nas leis trabalhistas:

— Sabemos que as mudanças na CLT, que trarão perdas aos trabalhadores, são uma bandeira do PMDB, do PSDB. E nós não aceitamos isso. Com Dilma no poder, acreditamos que os direitos do trabalhador estão mais assegurados.

Os agricultores Elpídio Ferreira da Silva, o Tutu, Luiz Cardoso Pimenta Lima e Adriano Carvalho de Almeida saíram de Jaíba (MG) para participar da manifestação anti-impeachment em Brasília. Segundo eles, a vida melhorou durante os governos do PT. Elpídio diz por exemplo que foi quando conseguiu finalmente comprar um pedaço de terra.

— Estou vindo aqui para dar uma força para a presidente Dilma. De primeiro, a gente sofria demais. Nem terra a gente tinha. Querem tirar (Dilma do poder) para quê? A mulher não roubou. Tem que tirar os ladrões — diz Elpídio.

— A presidente não tem culpa e os adversário querem prejudicar. Temos que apoiar quem nos apoiou mesmo. É o PT, e não o PSDB — concorda Adriano.

CONSELHO TUTELAR AJUDA NA FISCALIZAÇÃO

O corregedor-geral da Polícia Militar do Distrito Federal, coronel Ricardo Yamasaki Santiago, pediu ajuda ao Conselho Tutelar para a operação de segurança da manifestação pró-governo Dilma Rousseff na Esplanada dos Ministérios. Conforme ofício enviado no último dia 29, o auxílio é necessário para evitar que crianças e adolescentes sejam “empregadas como ‘escudo’ de manifestantes mais exaltados”.

No documento, Santiago ressalta que o pedido visa uma maior efetividade da operação já que terão auxílio de um órgão competente ligado à proteção infanto-juvenil. De acordo com a assessoria da PMDF, a participação do Conselho Tutelar é para evitar a exposição de menores a situações vexatórias e de risco.

O Conselho Tutelar não soube informar quantos conselheiros foram enviados ao local. De acordo com a Secretaria da Criança e do Adolescente do DF, o órgão irá ao local para “garantir o livre direito de manifestação das criança.

CUNHA LIBERA SERVIDORES

Com a justificativa de facilitar o retorno para casa dos funcionários da Câmara, o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), liberou todos os servidores e terceirizados, em meio a movimentação na Esplanada dos Ministérios causada pelo protesto contra o impeachment. No gramado do Congresso, já há manifestantes concentrados.

Em nota distribuída, o diretor-geral, Rômulo de Souza Mesquita, liberou os funcionários da casa a partir das 17h, mesmo os que não tiveram a jornada de trabalho completada. Segunda a nota, nesses casos, as horas serão abonadas, mas todos deverão registrar o ponto na saída.

“A decisão deve-se para facilitar o retorno dos funcionários à suas casas, em decorrência de manifestação que bloqueará o acesso aos prédios da Câmara”, afirmou mesquita na nota.

Eduardo Cunha também já deixou a Câmara. Ele saiu mais cedo do que costuma sair às quintas-feiras. Nas últimas manifestações pró e contra o governo, não houve essa determinação

(*Estagiário sob supervisão de Francisco Leali)


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