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Lula sobre depor na PF: ‘não devo e não temo’

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SÃO PAULO — O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em conversa com petistas logo depois de depor à Polícia Federal, na manhã desta sexta-feira, classificou de “show midiático” a operação feita pela manhã que o levou em condição coercitiva à delegacia. Lula garantiu: “não devo e não temo”. Em seguida, falando a jornalistas, ele disse que se sentiu “prisioneiro hoje de manhã”.

— Se o juiz Moro ou o Ministério Público quisessem me ouvir, era só ter mandado um ofício que eu iria, como sempre fui. Por que eu não devo e não temo — disse o ex-presidente, na sede nacional do PT, no região central de São Paulo. — Nada disso diminuiu a minha honra. Eles acenderam em mim a chama e a luta continua — completou.

O ex-presidente contou que no depoimento desta manhã foram repetidas as mesmas perguntas que ele já havia respondido nos outros três depoimentos anteriores concedidos por ele. Para Lula, o juiz Sérgio Moro não precisava ter mandado uma “coerção da Polícia Federal” à sua casa.

— Não precisava. Era só ter convidado. Antes dele eu já era um democrata — disparou o petista. — Lamentavelmente eles preferiram utilizar a prepotência e a arrogância. Foi um show midiático e um espetáculo de pirotecnia, porque os advogados não sabiam nada e alguns da mida já sabiam ontem — afirmou.

Ele citou que há algum tempo, a Justiça investigava e então denunciava um crime. Em sua opinião, hoje os fatos se inverteram e a “primeira coisa que fazem é determinar você é criminoso, colocando a cara na imprensa”.

Ainda sobre a condução coercitiva, Lula lembrou que já prestou outros depoimentos sem que fosse necessário ser levado à força, inclusive durante seu período de férias. O ex-presidente disse acreditar que o PT “incomodou ajudando as pessoas a subirem um degrau” e dando “oportunidade aos pobres”

— Já prestei vários depoimentos. Dia 5 de janeiro eu estava de férias e eu suspendi as férias para ir à Brasília prestar um depoimento para a Polícia Federal — comentou. — Se o que eles queriam era matar a jaraca, não bateram na cabeça, bateram no rabo — disse.

O ex-presidente também saiu em defesa da presidente Dilma Rousseff.

— Estão cerceando a liberdade de Dilma a governar o país.

A respeito de suas palestras, Lula criticou quem o acusa de ter esse tipo de trabalho como fonte de renda.

— É curioso que estranham que eu cobro US$ 200 mil. O Bill Clinton vem aqui cobra US$ 1 milhão e os vira latas batem palmas.

O ex-presidente, que batia a todo instante à mesa com o punho cerrado, também atacou a denúncia de que o armazenamento em São Bernardo do Campo de seu acervo na presidência tenha sido pago pela empreiteira OAS. Lula afirmou que deixou o governo com 11 contêineres de presente.

— Sabem o que é sair com 11 contêineres sem ter onde por? Com cadeira, papel, tinha até trono da África. Se somarem todos, desde Floriano Peixoto, fui o que mais ganhou presente — disse o petista, lembrando que esses produtos são de domínio público e que ficou público com a suspeição da Justíca a esse respeito.

PROMESSA DE PERCORRER O PAÍS

Ao lado de companheiros, Lula disse que estará aberto para convites em eventos país afora.

— Me convidem que estou disposto a andar por esse país. Não é possível ver um país vítima de um espetáculo midiático. Coloco em suspeição até um barco de R$ 4 mil. Eu preferia dar um iate à dona Marisa, mas ela comprou um barco e também pagou pedalinhos de R$ 2 mil para os nossos netos — disse.

Sem responder a nenhuma pergunta, o petista também citou o sítio de Atibaia e o triplex do Guarujá.

— Eu uso o sítio dos amigos porque os inimigos não me emprestam. Se me emprestarem o triplex de Paraty, eu uso. O que acontece é que todo mundo pode, menos essa merda desse metalúrgico.

Em seguida, ele retomou o discurso de polarização entre pobres e ricos. Lembrou de sua infância pobre e de trabalhou na Presidência para dar oportunidades aos brasileiros mais humildes.


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