Lula se emociona e diz que foi ‘sequestrado’ pela PF
SÃO PAULO . Num discurso em que se emocionou duas vezes, chegando ao choro, o ex-presidente Lula disse na noite desta sexta-feira, em encontro com a militãncia petista, qure foi “sequestrado” pelos policiais federais na manhã de ontem. O petista lembrou que seu governo abriu as portas para camadas mais pobres da população, e que isso incomodou “a elite”.
– Quando cheguei na Presidência da República, numa assembléia que convoquei, um catador de papel disse: ” Presidente não quero mais reivindicar o que vim reivindicar, nem fazer discurso. Só quero agradecer o fato de ter entrado no Palácio do Planalto”.
Neste momento ele pegou um lenço para enxugar as lágrimas e foi saudado pelos militantes, que gritavam “volta Lula”.
Ovacionado por seus eleitores, uns com lágrimas nos olhos e mãos trêmulas, ele se mostrou “ofendido com o complexo de vira -lata que tem nossa elite” e seguiu exaltando seu governo, repetindo ter sido o melhor presidente do país como fez mais cedo, em coletiva com jornalistas. Ele também defendeu a presidente Dilma Rousseff.
– Metalúrgico era visto como machista, mas esse metalúrgico teve a primazia de eleger uma mulher. Nunca vi uma pessoa ser tão agredida como a presidente. Descobri que muito mais grave que o preconceito contra mim era o preconceito contra contra a mulher. Nesse país uma mulher sempre foi tratada como de cama e mesa e nada mais. Fico indignado é que a mulher representa 52% da população brasileira. É uma pena que nossa consciência política ainda não evoluiu e apenas 10% do parlamento é feminino.
Lula ainda criticou os ataques que ele e sua família recebem na intermet.
– Antigamente as pessoas para falarem mal se identificavam. Hoje, filho da puta que é filho da puta se esconde da mãe e do filho.
Lula voltou a negar ser dono do sítio em Atibaia e do triplex do Guaruja, e reclamou de ver a mulher Marisa Leticia, ser chamada para depor.
– Eles deveriam ter chamado a mãe deles.
Políticos como o prefeito de São Paulo Fernando Haddad e o ministro Miguel Rosseto também estiveram no ato.
– Não estou aqui para defender o presidente, mas o cidadão Luiz Inácio Lula da Silva. Todos, petistas, tucanos, ateus ou religiosos, têm que ser tratados em igual perante a Lei. Por que coagi-lo se ele nunca se negou em prestar depoimento? O que está por trás desta iniciativa totalmente desnecessária? Ele foi a pessoa que mais autonomia deu ao Ministério Público Federal. Ele nunca afrontou a democracia. Mobilizar centenas de homens para escoltar uma pessoa? Nós o escoltaremos na próxima vez. Estamos disponíveis para proteger o presidente – prometeu o prefeito.
O senador Lindberg Farias falou em “incendiar” as ruas a favor do ex-presidente
– Hoje acordei indignado com o que aconteceu com o presidente Lula, mas termino o dia com a certeza de que eles deram um tiro no pé. E ainda reanimaram a nossa militância. É hora de incendiar nossa militância e ir para as ruas – convocou Lindberg, na abertura da plenária.
O senador Humberto Costa também se manifestou.
– O que aconteceu no Brasil hoje foi uma violência imensurável e um ataque a maior liderança popular construída neste país. Queremos uma manifestação do Supremo Tribunal Federal sobre as atitudes do juiz Sergio Moro – cobrou ele.
Vagner Freitas, o presidente da Central Única dos Trabalhadores, iniciou seu discurso elogiando a união da esquerda do país.
– Toda vez que a direita tenta dar um golpe ela é derrotada pela esquerda deste país. O Brasil está parado por causa desses verdadeiros golpistas, que não aceitam o resultado das eleições. Não venham destruir o Lula que não vamos aceitar.
Com a voz muito rouca, o ex-deputado Luizinho comparou o ocorrido desta sexta ao golpe militar de 1964 e convocou os militantes às ruas. Ele acompanhou a chegada do presidente Lula à sede da Polícia Federal no Aeroporto de Congonhas, ainda nas primeiras horas do dia.
Gilmar Mauro, da coordenação nacional do MST, o Movimento dos Sem-Terra, convocou ato para o próximo dia 8, Dia Internacional da Mulher, em apoio a Lula, mas chamou atenção para possíveis confrontos com pessoas contrárias aos seus ideais.
– Não fomos treinados na faca e na foice. Vamos fazer debates e nos preparar para grandes enfrentamentos que teremos no futuro.