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Governo avalia que Temer foi ‘arrogante’, mas vazou áudio intencionalmente

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BRASÍLIA – O vazamento de um áudio do vice-presidente Michel Temer em que ele discorre sobre o que pretende fazer ao assumir o comando do país, levando em conta que a Câmara aprovará o impeachment da presidente Dilma Rousseff, foi considerado pelo governo “um tiro no pé”, que denota a “arrogância” do peemedebista.

A avaliação foi feita pelo ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, por meio de sua assessoria ao GLOBO. O ministro afirmou ainda que as declarações mostram “uma trama golpista” e “as características golpistas” do vice.

Apesar de considerar que o vazamento foi um “tiro no pé” da articulação do PMDB para aprovar o impeachment de Dilma, o governo não sabe avaliar ainda se isso significará em mudança de votos na votação do plenário.

Temer disse depois do vazamento que ele cometeu um equívoco ao tentar enviar o áudio a um amigo e, sem querer, encaminhou o que seria um discurso pós-impeachment para um grupo de peemedebistas.

O vice-presidente explicou que no domingo, depois que o plenário da Câmara votar o impeachment da presidente Dilma Rousseff, “certa e seguramente” seria exigido um posicionamento dele, e que ele gravou um discurso que ele “imaginaria” que poderia fazer.

— Certa e seguramente se exigiria uma manifestação minha. Eu disse: “Vou gravar aqui uma coisa que eu imagino que posso dizer” — disse Temer, e afirmou que ele cometeu um engano ao enviar a fala para um grupo de pessoas em um aplicativo de conversas instantâneas online:

— Confesso que logo depois, quando resolvi mandar a gravação para outro amigo, houve um equívoco e foi para um grupo. E acabou divulgando-se essa matéria — declarou.

Os assessores de Dilma, porém, duvidam dessa versão. Para eles, apesar de ter errado politicamente, Temer quis que o áudio vazasse para divulgar sua plataforma pós-impeachment.

O governo, aliás, continua contabilizando votos suficientes para impedir o impeachment da presidente. Nas contas da área política, Dilma teria apoio de até 232 deputados numa conta otimista. Numa conta sem os exageros dos aliados, segundo um assessor ouvido pelo GLOBO, há pelo menos 190 votos contra o impeachment.

Do lado de Temer, o impacto do vazamento do áudio também é considerado incerto. Mas a conta na trincheira peemedebista é que há entre 350 e 360 deputados dispostos a aprovar o impeachment.

TEMORES DO PLANALTO

O governo, porém, segue apreensivo. Segundo esse auxiliar presidencial, o imponderável é maior inimigo de Dilma.

Há temor em relação a novos pareceres do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que na semana passada reviu sua posição em relação à nomeação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

O Planalto também teme a condução do processo de impeachment pelo presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). “Cada vez que o Eduardo Cunha entra em campo é muito ruim para o adversário”, disse o assessor ouvido pelo GLOBO.

E há ainda o medo de que novos vazamentos de delações drenem mais votos do governo.


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