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Entrega da Constituição a Lula simboliza necessidade de respeitar leis, diz Renan

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BRASÍLIA — O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que entregou ao ex-presidente Lula um exemplar da Constituição como forma de mostrar ao país que as investigações precisam ocorrer dentro das regras e do Estado Democrático de Direito. Depois de um encontro de mais três horas na residência oficial do presidente do Senado, Lula ficou lendo com Renan trechos da Carta Magna. Os dois são alvos da Operação Lava-Jato, e, na semana passada, Lula foi levado a depor pela Polícia Federal por meio de condução coercitiva.

— A (entrega da) Constituição foi para significar, simbolizar esse momento importante, em que precisamos garantir a Constituição, o Estado Democrático de Direito, a liberdade de expressão, a presunção de inocência e o devido processo legal. A entrega significou que as investigações precisam avançar, mas no devido processo legal. Há uma Constituição do Estado Democrático de Direito que precisa ser respeitada. Ninguém pode ser contra investigação. A diferença da investigação é daqueles que têm o que dizer e daqueles que não têm o que dizer — disse Renan.

No encontro, Lula disse aos senadores que não vai ajudar a colocar fogo no país, segundo Renan, e disse que não precisa ser ministro de Estado para ajudar o governo e o Brasil. Lula negou ter sido convidado para um ministério no governo Dilma.

— Ele fez questão de dizer que não teve convite e que não cogita, porque para ajudar o Brasil ele não precisa ocupar cargo de ministro. Mas ele quer ajudar, vir a Brasília, quer conversar com o Congresso — afirmou Renan.

O presidente do Senado disse que Lula está preocupado com a situação política e econômica. Lula, segundo ele, quer conversar com personalidades até com a oposição. Como presidente do Congresso, Renan disse que vai conversar também com outros ex-presidentes, como José Sarney e Fernando Henrique Cardoso sobre a situação política e econômica do país. Ele disse que foi “muito boa” a conversa com Lula.

— Ele falou da necessidade de nós costurarmos a união nacional, que ele não tinha dificuldade de conversar com qualquer personalidade da oposição. Ele quer ajudar, quer colaborar com saídas. Isso foi muito bom que ele dissesse. E sobretudo, que ele não vai colaborar para acirrar a crise, para botar fogo no país, que ele é de uma geração que conquistou a democracia. Ele disse que é de uma geração que conquistou a democracia e que esse é o período mais longevo da democracia e que ele não quer colaborar para o acirramento da crise. Ele é da paz e da conciliação, Isso foi muito bom — disse Renan, acrescentando:

— Ele disse na conversa que ele quer ajudar o Brasil, o governo e que para fazer isso ele não precisa ser nomeado ministro, ele pode fazê-lo de qualquer maneira. Queremos ouvir também os ex-presidentes Sarney e Fernando Henrique Cardoso para que a gente possa neste momento conturbado da vida nacional.

Renan disse que não se tratou diretamente das investigações da Lava-Jato. Mas outros senadores disseram que ele se defendeu das acusações:

— Ele não tratou das investigações, não seria o caso. Ali ninguém é contra as investigações. Todo mundo entende, no entanto, que é preciso que as investigações avancem, mas no devido processo legal.

Apesar de Lula estar preocupado com as manifestações de domingo, Renan disse que não tratam do impeachment da presidente Dilma Rousseff.

— Não tratamos de impeachment. Falamos da crise econômica e política. Precisa ter um cavalo de pau para que o Brasil retome o crescimento. É isso que precisamos fazer.

Renan disse ainda que, como presidente do Congresso, está pronto para o “sacerdócio” de trabalhar pela unidade nacional.


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