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Empresas de ônibus ligadas a facção PCC faturavam mais de R$ 600 milhões; saiba como funcionava o esquema

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Polícia – Uma investigação da Policia Civil de São Paulo, ainda em fase inicial, encontrou provas da presença da facção Primeiro Comando da Capital (PCC) à frente de uma grande empresa de transporte da capital paulista. Há um contrato de R$ 600 milhões por ano da UPBus com a prefeitura de São Paulo.

O acordo milionário foi firmado após processo licitatório. Segundo o Denarc, Anselmo Santa Fausta abriu a empresa há 22 anos com um capital social de R$ 1 milhão. A prefeitura da capital, porém, informou que não foi informada da operação e que a UPBus, concessionária do transporte público, opera na zona Leste após vencer uma licitação.

Investigação

Tudo começou em abril de 2000. Foi quando Antônio José Muller Júnior, 56, o Granada, integrante da cúpula do PCC (Primeiro Comando da Capital), hoje recolhido na Presídio Federal de Brasília, havia sido resgatado da Penitenciária de Hortolândia, no interior de São Paulo. Segundo o MP-SP (Ministério Público do Estado de São Paulo), Granada, dois anos após ser resgatado, usou documento falso em nome de Agnaldo de Souza Ferreira e assumiu o cargo de diretor da Transmetro, uma cooperativa de transporte coletivo municipal e intermunicipal sediada em Diadema (SP).

As investigações do MP-SP apontaram que Granada tornou-se o líder da máfia dos perueiros e passou a cobrar uma espécie de “taxa de manutenção” no valor de R$ 15 mil de cada condutor que quisesse fazer parte da cooperativa. Os agentes apuraram que Granada ficava com R$ 2 mil de cada motorista. Quem não pagasse o “pedágio” e não respeitasse as determinações dele era ameaçado de morte. De acordo com o MP-SP, o criminoso do PCC é investigado pelo desaparecimento de três perueiros.

Em maio de 2003, “a casa caiu” definitivamente para Granada. Ele foi preso em uma chácara em Paulínia (SP) por policiais do Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico), sob a acusação de usar a cooperativa para lavar o dinheiro do PCC. Preso na Penitenciária de Araraquara, Granada foi acusado de continuar no comando na máfia dos perueiros. Foi o que revelou à Polícia Civil, em junho de 2006, Luiz Carlos Efigênio Pacheco, então presidente da Cooper Pan, uma das principais cooperativas de transportes alternativos de São Paulo.

Pacheco, também conhecido pelos perueiros como Pandora, havia sido preso por suspeita de financiar com dinheiro da Cooper Pan a tentativa de resgate de um preso chamado Nivaldo, na Cadeia Pública de Santo André, em 5 de março de 2006. Ao prestar depoimento, Pandora contou que o crime havia sido planejado por Granada e que Nivaldo, o alvo do resgate, era irmão de um presidiário apelidado de Branco, que também estava recolhido na Penitenciária de Araraquara junto com o chefe da máfia dos perueiros.

Força-tarefa

As cooperativas de transporte surgiram por meio dos perueiros clandestinos e foram legalizadas na capital, através de licitações públicas, entres os anos de 2002 e 2003 na gestão da prefeita Marta Suplicy (PT). Em 2013 e 2014, na administração de Fernando Haddad (PT), as empresas passaram a ser S/A (Sociedade Anônima) também por processo licitatório. Atualmente, ao menos três empresas de ônibus são investigadas em São Paulo por suposto envolvimento com o PCC. Duas delas, a Transunião e a UPBUS, ambas da zona leste da capital, foram alvo de operações da Polícia Civil neste mês.

O Denarc apurou que acionistas da UPBUs pertencem ao alto escalão do PCC, entre eles Décio Gouveia Luiz, 53, o Décio Português, e Silvio Luiz Ferreira, 44, o Cebola. Este último, de acordo com relatos de policiais civis, é dono de 56 ônibus da empresa. Nesta quarta-feira (29), o promotor de Justiça Lincoln Gakiya, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) de Presidente Prudente, subordinado ao MP-SP, se reúne com o delegado-geral da Polícia Civil, Osvaldo Nico Gonçalves.

Ambos integram a força-tarefa criada para investigar a participação do PCC nas empresas de ônibus de São Paulo. Também devem participar da reunião delegados do Deic (Departamento Estadual de Investigações Criminais) e do Denarc.

Com informações complementares de Josmar Jozino do UOL


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