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Empresários se aproveitavam das venezuelanas e PF investiga tráfico e exploração sexual

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Donos de bares e casas noturnas investigados na Operação Codinome, deflagrada nesta quinta-feira (4) em Roraima, são suspeitos de aliciar mulheres venezuelanas em situação de vulnerabilidade econômica para se prostituírem no estado, afirma a Polícia Federal.

A operação Codinome apura a prática de tráfico de pessoas, exploração sexual, manutenção de casa de prostituição e rufianismo [quando agenciadores tiram proveito da prostituição alheia] em sete cidades do estado.

Conforme a PF, três pessoas foram presas na ação e houve cumprimento de mandados de busca e apreensão e condução coercitiva, quando a pessoa é levada para depor. A ação foi em Boa Vista, Rorainópolis, São Luis, Caroebe, Alto Alegre, Iracema e Mucajaí.

O delegado da Polícia Federal Anderson Dias, disse que o esquema de prostituição revelado na Codinome funcionava da seguinte forma: proprietários de bares e casas noturnas ofereciam às mulheres alojamento e alimentação em troca da realização dos programas em quartos nos fundos dos estabelecimentos.

Em troca, os aliciadores também cobravam taxas aos ‘clientes’ que frequentassem os locais e usassem os quartos. Assim, obtinham lucro e permitiam que as mulheres exploradas ficassem com o valor do programa.

“Houve casos em que o proprietário até auferiu lucros diretamente da prostituição das mulheres. Em outros casos, o empresário cobrava uma taxa [de moradia] se a mulher fizesse o programa fora do estabelecimento”, afirmou

Questionado sobre como as mulheres chegavam até as casas de prostituição em Boa Vista e nos outros municípios do estado, o delegado afirmou que em alguns casos existiam pessoas na Venezuela que aliciavam as garotas. Entretanto, muitas vezes as próprias mulheres procuravam as casas para se prostituir.

Anderson afirmou também que até esta manhã, não havia sido identificada nenhuma situação de cárcere privado ou de violência contra mulheres. Ele disse ainda que a polícia não constatou a existência de uma rede de prostituição, mas a ação de aliciadores isolados.

“Em regra não há uma organização. Em alguns casos, foi identificado que há mais de uma pessoa envolvida na logística. Mas em regra eles atuam de forma isolada”, disse.

Após o cumprimento das medidas judiciais, a polícia espera obter mais informações sobre os crimes com a análise de documentos de contabilidade recolhidos e com o interrogatório dos conduzidos.

“Operação Codinome”

Até o fim desta manhã, estavam sendo cumpridos 25 mandados de busca e apreensão e 21 conduções coercitivas.

Três pessoas foram presas em flagrante pelos crimes de tráfico de mulheres para fins de exploração sexual, manutenção de casa de prostituição e rufianismo nos municípios de Caroebe e Rorainópolis. Um dos presos também portava uma arma de fogo de forma ilegal.

Os presos foram encaminhados para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo e devem ser encaminhados para Audiência de Custódia.

Estado de Roraima faz fronteira com a Venezuela (Foto: Inaê Brandão/G1 RR/Arquivo)

Venezuelanos em Roraima

A crise econômica na Venezuela, país que faz fronteira com Roraima, e que está a 250 km da capital Boa Vista, está provocando uma busca frequente de venezuelanos pelo Brasil. Dados divulgados pela PF mostram que os pedidos de refúgio de venezuelanos cresceram 22% mil em três anos.

Em 2015 e 2016, outras duas ações flagraram casos de exploração sexual de venezuelanas em Roraima. Em uma das ocasiões, uma operação do Tribunal de Justiça de Roraima encontrou nove venezuelanas morando em uma casa onde eram obrigadas a trocar sexo por comida. Na outra operação, organizada pela PF, 16 venezuelanas em situação irregular no país foram encontradas em uma casa noturna da capital.

Matéria do G1

 


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