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Dilma vai descer a rampa com dezenas de mulheres após impeachment

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BRASÍLIA — A presidente Dilma Rousseff irá mesmo descer a rampa do Palácio do Planalto logo que for notificada da decisão dos senadores em afastá-la do cargo para que seja julgada pela Casa, o que deve acontecer na quinta-feira. Dilma descerá a rampa acompanhada de dezenas de mulheres, que participam da Conferência Nacional das Mulheres, em Brasília. Ao todo, cerca de mil mulheres desse evento apoiarão a presidente. Outras dezenas delas a aguardarão na calçada. A votação do afastamento de Dilma está marcada para esta quarta, mas a presidente precisará ser oficialmente notificada de seu eventual afastamento.

Deputados e senadores do PT decidiram que, num gesto de apoio à petista, seguirão a pé até o Palácio do Alvorada, após Dilma deixar o Planalto. Estimam que milhares de petistas vão comparecer ao ato em frente ao Palácio do Planalto, com faixas de apoio.

Parlamentares petistas, que se reuniram nesta terça-feira, acreditam que os atos a favor de Dilma serão intensificados após seu já provável afastamento.

A presidente almoçou nesta terça-feira com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Os dois devem discutir estratégias políticas e a conjuntura após o afastamento de Dilma pelo Senado nesta quarta-feira, que é dado como certo.

LÍDER ADMITE DERROTA AMANHÃ

O líder do governo no Senado, Humberto Costa (PT-PE), admitiu que o governo não tem votos para evitar amanhã a admissibilidade do processo de impeachment. Para afastar Dilma é necessário maioria simples entre os presentes, e 50 dos 81 senadores já declararam voto pela admissibilidade ao GLOBO.

Humberto Costa acredita, porém, que ainda há chance de evitar a derrota no julgamento final, quando serão necessários 54 votos.

– Como na admissibilidade é maioria simples, seria falso dizer que vamos ganhar – disse o líder de Dilma na Casa.

DILMA TENTA MANTER ROTINA

Na véspera da votação pelo Senado, a presidente tenta manter uma aparência de normalidade nesta terça-feira, com uma agenda de audiências com ministros para discutir iniciativas do governo. Pela manhã, a presidente recebeu o ministro do Trabalho, Miguel Rossetto, e o presidente do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), Guilherme Afif Domingos. Eles foram apresentar para a presidente a criação de uma linha de crédito de R$ 5 bilhões para financiar capital de giro de micro e pequenas empresas, aprovada no dia anterior pelo Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador (Codefat).

— A gente trabalhou pra caramba, agora vamos desovar tudo — disse um integrante do governo.

Interlocutores da presidente dizem que ela tem consciência de que será afastada nesta quarta-feira pelo Senado, mas que está serena e determinada a resistir até o fim.

— A presidenta Dilma segue determinada, firme naquilo que ela entende ser a sua responsabilidade constitucional. Seu mandato é a expressão da vontade popular, ela vai continuar a cumprir com determinação, com firmeza, buscando todos os estados da legalidade, da Constituição. Isso significa continuar o debate no Senado, junto ao Supremo Tribunal Federal. Significa também preservar o diálogo com a sociedade — disse Rossetto, em entrevista após a audiência com Dilma.


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