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Dilma e Temer disputam voto a voto na véspera da decisão sobre impeachment na Câmara

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BRASÍLIA — Um dia antes da votação do impeachment no plenário da Câmara, a presidente Dilma Rousseff (PT) e o vice Michel Temer (PMDB) se empenharam pessoalmente na conquista dos votos dos deputados. O Palácio da Alvorada e o Palácio do Jaburu se transformaram, neste sábado, em bunkers de guerra. A presidente decidiu não participar do ato no acampamento de manifestantes em Brasília para articular apoios. Temer voltou de São Paulo, onde pretendia passar o final de semana, e chegou a Brasília no fim da manhã para continuar a receber parlamentares na residência oficial, após a ofensiva do governo, que conseguiu reverter ontem alguns votos de deputados antes favoráveis ao impeachment. A sessão de votação na Câmara está prevista para começar às 14h deste domingo

A presidente e o vice também discutiram pelas redes sociais. Após a presidente divulgar nas redes sociais um vídeo em que chamou o processo de impeachment de “aventura golpista” e “fraude jurídica e política” e disse que programas sociais estão ameaçados, o vice-presidente Michel Temer usou o Twitter para negar que acabaria com o programa Bolsa Família.

O ex-ministro da Aviação Civil Eliseu Padilha e o senador Romero Jucá (PMDB-RR), também presidente do PMDB, são alguns dos políticos que participaram das articulações com Temer.

Junto com Dilma, estavam os ministros Jaques Wagner (chefe do gabinete pessoal) e Ricardo Berzoini (Secretaria de Governo), além dos governadores Wellington Dias (PT-PI), Camilo Santana (PT-CE) e Tião Viana (PT-AC).

Nas contas do governador do Piauí, dos dez deputados do estado dele na Câmara, seis apoiarão Dilma. Ele não quis revelar os nomes dos conterrâneos que dirão não na votação de amanhã. Os outros governadores petistas também entraram em contato com deputados de seus estados para arregimentar votos por meio de encontro com a presidente.

— Na bancada do Piauí são seis deputados que acham que não há crime de responsabilidade. A presidente Dilma está trabalhando, está muito animada. Ela tem recebido boas notícias — disse Wellington.

O ex-presidente Lula passou o dia no hotel, segundo interlocutores do petista, fazendo contatos com políticos para tentar somar votos para Dilma.

À tarde, o comando do PP desmentiu as declarações do deputado Waldir Maranhão (PP-MA) de que teria mais 14 deputados com ele em favor de Dilma e que poderiam sair do partido. O deputado Ricardo Barros (PP-PR) disse que não existe esse fato e que o partido fechou questão. A ofensiva e o medo da expulsão garantiu ao longo de sábado votos como de Eduardo da Fonte (PP-PE) e Toninho Pinheiro (PP-MG). Também apostam no voto de Adail Carneiroi (PP-CE).

Na sexta-feira, o presidente nacional do PP, senador Ciro Nogueira (PI), realizou reunião da direção nacional e fechou questão, ameaçando de expulsão os dissidentes. A primeira medida foi destituir Waldir Maranhão (PP-MA) do comando do partido no Maranhão, depois que ele apareceu em vídeo anunciando apoio a Dilma. Na prática, Maranhão teria mais cinco votos, no máximo, com ele em prol de Dilma, na avaliação da cúpula.

O PRB reafirmou hoje que fechou questão a favor do afastamento da presidente. No mês passado, o PRB rompeu com o governo, o que levou à saída, primeiro do partido e, posteriormente do então ministro do Esporte George Hilton. Ele chegou a se filiar ao PROS para não perder a pasta, mas acabou demitido.

— Estão fazendo isso para desestabilizar a Câmara nas horas que antecedem a votação. O governo não tem um voto do PRB — reagiu o deputado Celso Russomano.


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