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Delegado da Zelotes diz que depoimento de Lula foi ‘normal’ e ‘contribuiu’ com investigações

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BRASÍLIA – O delegado da Polícia Federal Marlon Oliveira Cajado dos Santos, responsável pelas investigações da Operação Zelotes, afirmou nesta terça-feira, na CPI que investiga desvios no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf), que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi solícito e contribuiu com a investigação no depoimento que prestou. No dia 6 de janeiro, em Brasília, Lula foi ouvido para falar de suspeitas de venda de medidas provisórias que beneficiaram o setor automotivo. O líder do PPS na Câmara, Rubens Bueno (PR), questionou o delegado sobre a razão de ter convocado Lula e como se deu seu depoimento.

— Chamei um ex-presidente por uma questão óbvia. Foi ouvido como declarante. Foi normal (seu depoimento). Foi muito solícito, prestou as informações necessárias. Ele contribuiu. Foi contributivo — disse Marlon Cajado.

O delegado evitou dar muitos detalhes das investigações, argumentando que parte dos inquéritos está sob sigilo. Foi perguntado ao delegado sobre a relação do ex-ministro Gilberto Carvalho (da Secretaria Geral da Presidência no governo Lula) com Mauro Marcondes, então representante da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). Carvalho se reuniu com Marcondes no Palácio mas já negou, em depoimento à Justiça, ter atuado a favor de interesses da empresa na edição de medida provisória. Rubens Bueno perguntou a Marlon se Carvalho faz parte da “organização criminosa” que atuou no Carf. O delegado afirmou que não há elementos, ao menos por enquanto, que o permitam essa conclusão.

— Por isso as investigações continuam. Ainda está se apurando. Ele (Marcondes) pode ter conversado com o ministro Gilberto Carvalho e ter vendido informação. Tenho que evitar que seja leviano — respondeu o delegado.

Marlon Cajado também falou relatório da PF que concluiu que o contrato de consultoria firmado entre umas das empresas de Luís Cláudio Lula da Silva, filho de Lula, com a Marcondes e Mautoni, é falho e que se trata de reproduções feitas na Wikipedia. O valor do contrato foi de R$ 2,5 milhões.

— Em princípio, não achei que fechava esse valor com o prazo. Achei esse valor milionário. Foi uma colagem da internet. Nem sei a razão de existir — disse o delegado.

Alguns parlamentares acusaram de lenta a investigação da Zelotes. E chegaram a comparar com a Operação Lava-Jato, que, segundo eles, anda mais rápido. O delegado Marlon rebateu as críticas, disse que a investigação está completa e que não se trata de uma corrida de resultados, citando a comparação com a Zelotes.

— A Operação Zelotes não está com dificuldade para deslanchar. Tem o seu tempo e muita informação para analisar. Estamos sendo criteriosos e olhando tudo com uma lupa. Há casos de réus presos. As investigações não estão paradas e são complexas(…). Acho que a Zelotes está no seu tempo certo, sem se atabalhoar. Não é uma corrida para ver quem tem mais condenados. A Lava-Jato é prioridade. Se fosse diretor da Polícia Federal também entenderia assim. Mas estamos tendo todo apoio.


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