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Delação de Andrade Gutierrez apressa afastamento de Dilma, diz oposição

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BRASÍLIA — A oposição comemorou a revelação da delação premiada de diretores da Andrade Gutierrez como um elemento a mais para agilizar o impeachment da presidente Dilma Rousseff. O líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB) reagiu ao que chamou de tentativa do PT de tentar misturar doação legal com doação “fruto de extorsão” de empresas que tem contrato no governo.

— Vale a pena lembrar a conversa do senador Lindbergh com o ex-presidente Lula, quando ele disse que ia partir para cima do senador Aécio. Está cumprindo a promessa tentando fazer essa mistura de doação legal ao PSDB com a extorsão. Há muito tempo que estamos dizendo que é preciso distinguir doação legal do que é extorsão disfarçada de doação eleitoral. A delação da Andrade Gutierrez revela que as empresas foram extorquidas sob ameaça de ter contratos suspensos — disse Cássio Cunha Lima, em referência à conversa de Lula registrada em interceptação telefônica nas investigações da Operação Lava-Jato.

Mais cedo, o senador Lindbergh Farias (PT-RJ) protestou contra o fato de a delação não incluir as doações aos tucanos como fruto de propina, como fizeram com as doações da presidente Dilma Rousseff.

INCLUSÃO DE DELAÇÃO EM PROCESSO NO TSE

Cássio Cunha Lima disse também que as revelações terão impacto também na votação do processo de impeachment da presidente Dilma na Câmara. Ele defendeu que o conteúdo da delação que faz menção a doação de dinheiro de propina nas campanhas da presidente Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, seja anexado ao processo de impugnação do mandato presidencial que já tramita no Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

— Isso fortalece o impeachment e fragiliza a presidente Dilma. Ela não tem mais condições de governar, perdeu as condições morais. É um rosário de crimes. Ela tem se defendido do impeachment praticando crime de responsabilidade também com os eventos no Planalto, a entrega escancarada de cargos, o desvio de função para preencher ministérios para angariar apoios. Esses fatos todos são crimes de responsabilidade. Ao se defender das acusações, ela comete um crime continuado. É o crime permanente — disse Cássio Cunha Lima.

O líder tucano disse que o uso de obras públicas para angariar recursos de campanha se configura abuso de poder econômico e gera desequilíbrio na disputa.

— Quando tem um abuso de poder econômico fruto dessas propinas oriundas das obras que o governo faz, gera uma desigualdade e a quebra do princípio do equilíbrio dos meios. Então, é mais uma ilegalidade, mais um crime cometido que agora deve ser respondido na instância própria que é a Justiça eleitoral — disse Cássio.

O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que fica “inviável” Dilma se manter no poder depois das denúncias da Andrade Gutierrez, que deverão ser analisadas pelo TSE e pelo STF.

— Isso realmente torna a presidente interditada de exercitar seu mandato. A chapa se torna inviável, do ponto de vista dela continuar exercendo o mandato. E deve haver a continuidade desse processo na Justiça para que a presidente também seja responsabilizada por utilizar a máquina do governo para contribuição em sua campanha eleitoral — disse Caiado.

O novo presidente do PMDB, senador Romero Jucá (PMDB-RR), disse que a situação de Dilma piora. Segundo a GloboNews, o pagamento de R$ 150 milhões em propina feito pela Andrade Gutierrez referente à obra de Belo Monte foi dividido entre PT e PMDB.

— O quadro é desgastante para o governo — disse Jucá.


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