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Conselho de Ética quer ouvir Baiano e Julio Camargo em Curitiba

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CURITIBA – Deputados do Conselho de Ética da Câmara pretendem ouvir até o fim do mês, em sessões fechadas em Curitiba, ao menos dois investigados da Operação Lava-Jato. Eles se reuniram com o juiz Sérgio Moro, na manhã desta terça-feira, para pedir que a Justiça Federal compartilhe depoimentos de testemunhas e delatores que citam o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), além de solicitar um espaço para tomar os depoimentos.

O relator do processo contra Cunha, deputado Marcos Rogério (DEM-RO), tem interesse em ouvir principalmente o operador Fernando Baiano e o empresário Júlio Camargo, que, em suas delações, citaram repasses feitos diretamente para Cunha. A ideia é aproveitar que Baiano estará na capital paranaense em 18 de abril para participar de uma audiência com Moro para ouvi-lo. Além disso, segundo Rogério, a sessão fechada daria mais privacidade às testemunhas.

A estratégia tem ainda o objetivo de tentar agilizar o processo, já que cabe ao presidente da Câmara liberar as passagens aéreas de testemunhas do Conselho de Ética que não vivem em Brasília. O presidente do conselho, deputado José Carlos Araújo (PR-BA), disse que está aguardando há oito dias a liberação de Cunha para pagar a passagem do também operador Leonardo Meirelles, cujo depoimento está marcado para quinta-feira.

– Não houve negativa (para comprar passagens). O que está havendo é o silêncio. Estamos tendo dificuldade para testemunhas irem à Câmara. Então nós estamos preferindo vir aqui em Curitiba ouvir as pessoas, com autorização da Justiça. Não pedimos para a Presidência da Casa nesse caso porque ia demorar tanto que ia passar uma apuração inteira para poder autorizar – disse Araújo.

A estratégia de Cunha não deve impedir o depoimento de Meirelles na quinta-feira, no entanto. Segundo os deputados, o advogado do operador se prontificou a pagar as passagens desde que seja reembolsado depois. Além de Meirelles, Baiano e Camargo, o relator Marcos Rogério entende como chaves os depoimentos dos donos da construtora Carioca, Ricardo Pernambuco e Ricardo Pernambuco Júnior, que ainda não marcaram a data para comparecerem ao conselho.

– Temos colaboradores que podem confirmar depósitos em contas na Suíça, em contas em Israel porque já teriam feito essas afirmações em delações premiadas. O que o Conselho de Ética apura é a existência das contas no exterior. Mas, por conexão, isso poderá mostrar outros crimes, que configuraria quebra de decoro. Ele só tem a conta ou estava usando para esconder recursos ilícitos? – questiona Rogério.

Rogério pretende concluir seu relatório em maio. Cunha é acusado de quebra de decoro por ter mentido na CPI da Petrobras. Na ocasião, ele disse não ter contas na Suíça, ao contrário do que sustenta a Procuradoria-Geral da República (PGR), que apoia sua denúncia com base no depoimento dos delatores.

– Mais demorado que já tivemos, por várias razões. Só na admissibilidade, mais de quatro meses. Agora, vários recursos, questionamentos, questões de ordem para tentar travar o processo. A defesa tem preocupação de atuar mais contra o processo, contra o procedimento do que com os fatos. Agora estamos na hora de analisar os fatos.

Durante a tarde, os deputados do Conselho de Ética vão à Assembleia Legislativa do Paraná pedir o empréstimo de taquígrafos para os depoimentos que serão tomados em Curitiba. Ainda de acordo os deputados, as sessões devem ser fechadas, sem transmissão pela TV Câmara.


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