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Collor critica Dilma e diz que não fez barganhas nem no auge de seu impeachment

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BRASÍLIA — Depois de o deputado Paulo Maluf (PP-SP) se dizer “enojado” com a operação do governo Dilma de trocar votos contra o impeachment por cargos, o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (sem partido-AL) condenou, nesta quinta-feira, a ação do Palácio do Planalto. Em palestra na Confederação Nacional da Indústria (CNI), ele disse que nem no auge da crise que lhe tirou o mandato fez esse tipo de gestão.

— No meu governo, em nenhum instante, houve qualquer tipo de negociação subalterna. Em nenhum momento essa barganha foi feita. Em nenhum momento, nenhum dos meus ministros se mobilizaram no sentido de terem conversas menos republicanas com quem quer que seja. Nem com a classe política, nem com a classe empresarial. Hoje, vivemos um instante em que as coisas não caminham bem assim. Preocupa-me profundamente a situação do nosso país — disse Collor, para um público de empresários do setor da indústria durante café da manhã para a apresentação da agenda legislativa da CNI.

Collor, que foi submetido ao processo de impeachment em 1992, mas acabou renunciando momentos antes da votação (na qual teve o afastamento aprovado pelo Congresso), também criticou duramente a presidente Dilma Rousseff por permitir que manifestantes defendessem, dentro do Palácio do Planalto, invasão de casas e terras caso o impeachment contra a petista avance na Câmara.

— Isso é absolutamente inadmissível, chegar quem quer que seja dentro do palácio do governo para dizer, na frente da chefe do Executivo, que vai invadir gabinetes, propriedades, fazendas. E a presidente ouvir e cumprimentar quem assim se pronunciou é de extrema gravidade. Ouvir de alguém dentro do palácio dizer “vamos pegar e sair às ruas com armas em punho” pregando a luta armada e conflito social é inadmissível — enfatizou.

O ex-presidente comparou o ambiente econômico em 1992 com o momento atual, em meio às duas crises políticas. Segundo Collor, seu governo era sólido e a economia estava funcionando, diferentemente de agora. Ele criticou a formação do ministério de Dilma, ressalvando “exceções honrosas”.

— Diferentemente daquele período em que, ao deixar o governo, deixei com as contas em ordem, com a economia funcionando, com um plano econômico previsível que permitiu a implementação do Plano Real, hoje não temos essa perspectiva. Hoje, não sabemos para onde estamos indo, não temos um corpo ministerial, salvo honrosas exceções, como Armando Monteiro (Desenvolvimento, Indústria e Comércio), que as pessoas vejam como referência e como um esteio para que possamos ultrapassar essa fase difícil — disse Collor.

Em função de sua “condição ímpar”, de ter sido submetido ao impeachment, Collor disse aos empresários que não diria se é contra ou a favor do afastamento de Dilma.


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