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Citada na Lava-Jato, igreja de Brasília é conhecida pela festa de Pentecostes

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BRASÍLIA – Por enquanto, é com cautela que o padre Moacir Anastácio está reagindo à nova fase da Operação Lava-Jato, que revelou repasse de R$ 350 mil da empreiteira OAS para a paróquia São Pedro, chefiada por ele. Na igreja, localizada em Taguatinga Sul, no Distrito Federal, a informação é de que o pároco estava reunido na arquidiocese para tratar do assunto e que só depois disso falaria sobre o caso. Moacir é um dos padres mais populares de Brasília, responsável por organizar uma celebração que costuma reunir centenas de milhares de pessoas durante a festa religiosa de Pentecostes.

Segundo o Ministério Público Federal (MPF), mensagens no telefone celular do então presidente da OAS, José Adelmário Pinheiro, conhecido como Léo Pinheiro, mostram pagamento de propina ao ex-senador Gim Argello (PTB-DF) que, em troca, atuaria para evitar a convocação de empreiteiros na CPI da Petrobras, em funcionamento no Senado em 2014. Em mensagem de 14 de maio de 2014, Léo Pinheiro pede a executivos da OAS que façam pagamento de R$ 350 mil à igreja com recursos vindos da refinaria Abreu e Lima, obra da Petrobras tocada em Pernambuco. Nas mensagens, o repasse é associado a uma pessoa identificada como “Alcoólico”, numa referência à bebida gim. O MPF também informou que não há indicativo de que a paróquia tenha participado do crime ou que soubesse da origem ilícita do dinheiro.

O repasse da OAS, efetivado no dia 19 de maio de 2014, ocorreu dias antes da celebração de Pentecostes, que, naquele ano, foi do dia 1º ao dia 8 de junho. Na paróquia, informaram que a festa é cara, uma vez que reúne muita gente, mas não revelaram quanto custa exatamente.

Localizada a pouco mais de 20 km do centro de Brasília, a igreja é frequentada por Gim, que já morou em Taguatinga, mas hoje vive no Lago Sul, um dos endereços mais caros da capital federal. Na paróquia, a informação é de que ele vai, sim, ao local, mas apenas de vez em quando para assistir à missa por lá. Outros políticos costumam aparecer na paróquia, principalmente durante a festa de Pentecostes. Ano passado, por exemplo, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) marcou presença. Em 2014, o então governador Agnelo Queiroz (PT) também participou da celebração.

Fora do período de Pentecostes, a igreja tem missa todos os dias, exceto segunda-feira. Nesta terça, ela será celebrada por outro padre às 19h, conforme estava previsto antes mesmo da deflagração da 28ª fase da Lava-Jato, informou uma pessoa na paróquia. Na quarta-feira, a missa, também às 19h, será conduzida por Moacir.

A festa de Pentecostes é celebrada 50 dias depois da Páscoa e, na tradição cristã, marca o momento em que o Espírito Santo deu coragem aos apóstolos para pregar a palavra de Jesus. No DF, há duas festas principais. Uma, mais antiga, conhecida como “Folia do Divino”, existe desde o século XIX em Planaltina, que na época pertencia a Goiás.

A outra, em Taguatinga, é mais recente e foi uma iniciativa do padre Moacir. Começou pequena, mas cresceu. Em 2015, por exemplo, o governo local estimou em 300 mil o número e pessoas presentes no Taguaparque, onde é feita a celebração. Há inclusive um projeto de lei tramitando na Câmara Legislativa do DF que muda o nome do parque para “Taguaparque, Renascidos em Pentecostes”.


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