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CCJ adia para esta quinta-feira votação para cassação de Delcídio

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BRASÍLIA – O Senado decidiu fazer um rito rápido sobre a cassação de Delcídio Amaral (Sem partido-MS). O senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES) apresentou nesta quarta-feira, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado (CCJ), parecer favorável à perda de mandato de Delcídio, mas a CCJ só vai votá-lo nesta quinta-feira, após abrir hoje uma sessão com este intuito. Delcídio apresentou nova licença, por cem dias, a partir do dia 6, por interesses particulares. A atual terminaria na quinta, dia 5. Ele deverá ser o terceiro parlamentar cassado pelo Senado, após Luiz Estevão (DF), afastado em 2000, e Demóstenes Torres (GO), em 2012.

Na verdade, a CCJ precisa apenas chancelar o parecer do Conselho de Ética, os aspectos constitucionais do processo. O Conselho de Ética já aprovou a cassação do mandato do senador, que foi preso na Operação Lava-Jato e fez delação premiada, citando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, a presidente Dilma Rousseff e parlamentares.

– A torpeza da conduta salta aos olhos e merece a condenação diante do mais frouxo parâmetro de probidade que se tenha em conta – disse o senador Ricardo Ferraço (PSDB-ES), relator do caso na CCJ.

Ele disse que não tinha nenhum reparo a fazer ao parecer aprovado no Conselho de Ética da Casa em favor da cassação do senador Delcídio.

– Não há vícios no parecer do Conselho de Ética. Foi uma conduta totalmente incompatível com o decoro parlamentar, por abuso de prerrogativas asseguradas a membros do Congresso, por valer-se do seu cargo público, envergadura institucional e sua influência e trânsito sobre as estruturas do Estado para favorecer-se, obstar a sua própria responsabilização criminal ou de terceiros – disse Ferraço, em seu parecer.

A senadora Ana Amélia Lemos (PP-RS) foi a primeira a falar na sessão que ocorreu nesta quarta-feira e sugeriu que a votação ocorra nesta quinta-feira (5). Na verdade, os senadores fizeram um acordo neste sentido para não haver contestações da defesa de Delcídio quanto a prazos.

O pedido de cassação do senador por quebra de decoro parlamentar foi incluído na pauta da CCJ na noite de terça-feira, às pressas. O Palácio do Planalto e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), querem que a cassação de Delcídio seja aprovada pelo Senado antes da votação do processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, marcada para dia 11. Por isso, a ideia é tentar votar a cassação o quanto antes. O mais provável, no entanto, é que ocorra na próxima terça-feira, dia 10.

Delcídio foi preso no dia 25 de novembro na Operação Lava-Jato, acusado de tentar interferir nas investigações, e foi liberado em fevereiro. Ele permanece senador e, como tal, recebe salário normalmente. Delcídio fez acordo de delação premiada e citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e senadores do governo e da oposição, entre eles o próprio Renan. A delação de Delcídio preocupa o Palácio do Planalto e irrita parlamentares.

O caso de Delcídio ainda envolveu assessores e gravações de conversas com o ministro Aloizio Mercadante (Educação). O Senado demitiu José Eduardo Marzagão, assessor do senador Delcídio, que gravou conversa com o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, na qual ele se oferece para ajudar o parlamentar petista.

A Casa exonerou ainda Diogo Ferreira Rodrigues, que era chefe de gabinete de Delcídio e que também foi preso na Lava-Jato.

O primeiro suplente do senador Delcído Amaral, Pedro Chaves dos Santos (PSC-MS), é educador e fala com muita naturalidade da ligação de sua família com a de José Carlos Bumlai, preso na última terça-feira. Em conversa com O GLOBO, Pedro Chaves respondeu que sua filha, Neca Chaves Bumlai, é casada com Fernando Bumlai, filho de José Carlos, há bastante tempo, desde 2001, “bem antes da proximidade toda dele com o PT”.

Pedro Chaves disse que Bumlai sempre foi um ruralista conhecido em Mato Grosso do Sul. Ele disse ainda que sempre teve uma relação “muito amistosa” com o senador Delcídio e que “estranhou bastante” com o que está acontecendo. Perguntado se assumiria, ele disse esperar que o senador supere essa situação e que é preciso esperar o Conselho de Ética.

— Ela é casada com ele (filho de Bumlai) e isso bem antes dessa proximidade toda dele (Bumlai) com o PT disse Pedro Chaves, em entrevista em novembro de 2015.


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