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Câmara decide neste domingo se autoriza processo de impeachement contra Dilma

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BRASÍLIA — Vinte e quatro anos após o impeachment de Fernando Collor de Mello, o primeiro presidente eleito após duas décadas de ditadura militar, a Câmara dos Deputados decide neste domingo se autoriza a abertura de processo de impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. A aprovação, que precisa do apoio de 342 dos 513 deputados, poderá deflagrar o fim da era de 13 anos do PT no poder. (TEMPO REAL: acompanhe a discussão e a votação do impeachment na Câmara)

Caso a Câmara dê o sinal verde para processar Dilma, o Senado precisará decidir nas próximas semanas, por maioria simples, se abre o processo, o que levará ao afastamento imediato da presidente do cargo por até 180 dias. Na luta pelo Palácio do Planalto, Dilma e o vice Michel Temer, que assumiria em seu lugar, passaram ontem o dia disputando pessoalmente voto a voto o apoio de parlamentares. Ao fim do dia, aliados de ambos diziam ter os votos necessários.

(TERMÔMETRO DO IMPEACHMENT: acompanhe a tendência de voto dos deputados)

Mesmo estando em curso a sessão mais longa da história da Câmara — , o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), garantiu que a votação terá início, impreterivelmente, às 14h. Com o prolongamento dos discursos, que começaram às 8h55m de sexta-feira, houve dúvidas sobre a manutenção do horário. Mas Cunha fechou acordo com líderes dos partidos de oposição, pelo qual 60 deputados abriram mão das inscrições, o que deve encurtar os discursos entre seis e sete horas.

Segundo André Moura, líder da bancada do PSC, os partidos pró-impeachment também acertaram que, caso ainda haja pronunciamentos previstos pouco antes das 14h, eles apresentarão requerimento para o encerramento da discussão.

A sessão de votação começará com a orientação das lideranças das legendas. Em seguida, os deputados serão chamados um a um para dizer o voto, obedecendo a ordem Norte-Sul, Sul-Norte, começando por Roraima e terminando por Alagoas. No mapa de Cunha, segundo aliados, a previsão é que o voto 342 em favor do impeachment seja dado por um deputado da Bahia ou da Paraíba.

Preocupado em constranger ausências, Cunha estuda ainda chamar todos os deputados de um estado e, logo em seguida, realizar a segunda chamada deste mesmo estado.

Dois telões vão exibir imagens das manifestações externas no plenário da Casa enquanto os deputados votam. Eles exibirão as imagens de duas câmeras externas: uma instalada no 28º andar e outra sobre a laje do Congresso, entre as cúpulas da Câmara e do Senado. De acordo com informações da diretoria-executiva da Comunicação Social da Câmara, serão transmitidas imagens dos dois grupos, pró e contra o impeachment, “de pixuleco a ‘Fora, Cunha!’”, para que os deputados tenham a visão do clima das ruas.

Os grupos pró e contra impeachment disputam que levará mais gente para a frente do Congresso Nacional, onde foi levantado um muro por medida de segurança, para separar os manifestantes. Os dois lados anunciam a vinda de ônibus de várias partes do país e tentam facilitar a chegada dos manifestantes ao local do ato, até porque o metrô da capital não funcionará devido à paralisação de servidores. O governo do DF estima que 300 mil pessoas sairão às ruas.

O grupo pró-impeachment divulgou nas redes sociais uma lista com 15 pontos de saída de ônibus que levarão à Esplanada, gratuitamente, militantes de cidades do Distrito Federal e do entorno que ficam distantes da região central. Segundo Jailton Almeida, do grupo Vem pra Rua de Brasília, o transporte é custeado por associações de produtores rurais ligados à Confederação da Agricultura e Pecuária dos Brasil (CNA), que apoia o impeachment.

No acampamento ligado aos movimentos que apoiam o governo, organizados em torno da Frente Brasil Popular e Frente Povo sem Medo, são esperados milhares de manifestantes vindos de várias partes do país. Nas contas dos organizadores, até a tarde deste sábado, havia mais de 3 mil pessoas acampadas. A ideia é colocar na Esplanada mais de 150 mil pessoas, segundo Magno Francisco, do Movimento de Luta dos Bairros, Vilas e Favelas (MLB) e um dos porta-vozes do acampamento.

Também estão previstos protestos pró e contra impeachment no Rio, em São Paulo, e várias outras capitais.

No Rio, a Praia de Copacabana será dividida ao meio para a realização de protestos a favor e contra o impeachment. Os defensores da manutenção do governo se concentrarão no Posto 3 e irão em direção ao Posto 1, entre 9h e 13h; já os partidários do afastamento vão iniciar o ato no Posto 5 e finalizá-lo no Posto 3, das 15h às 19h. Para minimizar o risco de confrontos entre os dois grupos, policiais militares vão fazer um cordão de isolamento na Avenida Atlântica, na altura do Posto 3.

Em São Paulo, o grupo contra o impeachment se reúne no Vale do Anhangabaú, e os que pedem o afastamento da presidente, na Avenida Paulista.


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