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Autônomos e informais são os mais vulneráveis no cenário de incerteza causado pelo coronavírus

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Trabalhadores informais e autônomos são os que sentem primeiro o impacto pandemia da Covid-19 na economia.

Estava tudo pronto para a entrevista quando Mariana recebeu uma mensagem no celular: “Devido à pandemia do coronavírus e visando a saúde da nossa família, decidimos adiar a festa da nossa bebê”.

O trabalho dela tem cara de festa, cheiro de festa e, principalmente, gosto de festa: bala de coco. Mas então o que fazer se o tempo não é de festa? “Confesso para você que não durmo. Eu tenho contas para pagar, tenho uma filha de um ano e quatro meses, a Marina”, conta.

Para tentar diminuir as perdas, anunciou nas redes sociais uma nova estratégia: “A ideia mesmo é trabalhar com pequenas quantidades, tentar trazer aqueles clientes que têm aquele gostinho, vontade de comer a bala de coco”.

A produção continua e se antes o que movimentava as vendas da Mariana era o encontro de pessoas, agora, num momento difícil, ela vai tentar pelo menos adoçar um pouquinho a vida de cada um. Nestes tempos mais solitários, até as palavras ganham mais valor. A balinha vai acompanhada de uma mensagem: “que seu dia seja doce”.

Mas nem todos conseguem mudar de estratégia de repente. Segundo o IBGE, o Brasil tem 24,5 milhões de pessoas trabalhando por conta própria. Na semana passada, o governo anunciou a concessão de um benefício mensal de R$ 200, durante três meses, para trabalhadores informais autônomos de baixa renda. Mas o governo não deu detalhes de como vai ser feito o pagamento.

“Como vamos conseguir pegar esse valor, que o governo está disposto a oferecer para a gente? É um valor muito pequeno, que não paga nem uma cesta básica. A gente está tentando saber como vai sobreviver nesse período”, questionou o vendedor ambulante, Gilberto Alves.

O economista Manuel Thedim, do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade, alerta que o poder público deve tomar medidas urgentes de distribuição de renda para dar suporte aos trabalhadores informais.

“Esses vão sentir um baque muito forte e não têm nenhum tipo de alternativa de renda, não têm poupança, não têm plano B de trabalho. O problema é enorme, imenso, requer uma visão muito objetiva e um sentido de urgência muito do governo federal, estaduais e municipais”, avaliou

Na semana passada, no centro do Rio, vários vendedores guardavam as mercadorias e interrompiam o comércio de rua. “Não tenho uma reserva. A reserva tenho, mas ela é mínima. Não dá para segurar”, contou Cláudio Santos, vendedor de livros.

Nesta segunda (24), o mesmo cenário estava assim: pouquíssimos se arriscaram a montar as barracas. E mesmo quem tentou vender não encontrou comprador.

“Estamos dispostos a ficar em casa. Um mês ou o que for preciso. Mas como sobreviver? Como pagar as contas? Como conseguir se alimentar?

O Ministério da Economia declarou que nos próximos dias vai encaminhar ao Congresso uma proposta com detalhes da proposta emergencial.

Com informações G1

 


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