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Após ficar acima de R$ 6, alta do dólar preocupa economistas no Brasil; veja vídeo

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Após ficar acima de R$ 6, alta do dólar preocupa economistas no Brasil

Brasil – O dólar ultrapassou a histórica marca de R$ 6 esta semana, gerando apreensão entre economistas e setores da economia. A alta foi impulsionada pela recepção negativa do mercado ao pacote fiscal anunciado pelo governo federal, que prevê cortes de gastos e a isenção do Imposto de Renda (IR) para salários de até R$ 5 mil. Apesar de alívios pontuais após declarações de líderes do Congresso Nacional sobre o compromisso fiscal, a moeda americana fechou acima desse patamar pela primeira vez.

Impactos econômicos e sociais
A valorização do dólar tem efeitos que vão além de encarecer viagens internacionais. André Charone, consultor financeiro e especialista em negócios internacionais, alerta que o impacto é amplo e pode afetar diretamente a vida dos brasileiros.

“O aumento do dólar eleva os custos de insumos importados usados em medicamentos, combustíveis e alimentos. Isso pressiona a inflação e afeta especialmente as famílias de baixa renda, que já destinam uma grande parte do orçamento para itens essenciais”, explica Charone.

Um dos exemplos mais emblemáticos é o preço da gasolina, influenciado pela cotação internacional do petróleo, que é negociado em dólar. “O encarecimento do combustível não afeta apenas quem tem carro, mas toda a cadeia de transporte público e a distribuição de produtos, como alimentos e remédios”, afirma o especialista.

Riscos fiscais e reação do mercado
A alta do dólar reflete também o ambiente de desconfiança fiscal no Brasil. Para Roberto Padovani, economista-chefe do Banco BV, o pacote fiscal apresentado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, não foi suficiente para convencer o mercado sobre a estabilidade da dívida pública.

“A combinação de um cenário global cauteloso e o aumento do risco fiscal no Brasil provoca uma mudança de patamar no câmbio. Sem um choque de credibilidade, o dólar tende a se manter pressionado”, analisa Padovani.

A expectativa de elevação da Selic na próxima reunião do Copom, em 11 de dezembro, já é um reflexo dessa situação. Com o aumento dos juros, o custo do crédito se torna mais alto, dificultando o acesso a financiamentos por parte de empreendedores e consumidores.

Cenário global e obstáculos para o real
No cenário internacional, o fortalecimento do dólar e a queda nos preços de commodities, como o minério de ferro, pressionam ainda mais o real. Christian Iarussi, sócio da The Hill Capital, destaca que as tensões geopolíticas e a inflação nos Estados Unidos reforçam o apelo do dólar como porto seguro para investidores.

“A recuperação do real depende de uma confiança renovada nas finanças públicas brasileiras. Sem isso, é provável que o dólar continue sendo uma alternativa atrativa em tempos de incerteza”, avalia Iarussi.

Perspectivas para 2025
O dólar acima de R$ 6 sinaliza que investidores estão buscando mercados mais estáveis, como Europa e Estados Unidos. Jefferson Laatus, estrategista do Grupo Laatus, acredita que a trajetória do câmbio dependerá das ações do governo para reconquistar a confiança do mercado.

“Se não houver ajustes fiscais consistentes, o dólar deve permanecer em alta, pressionando a inflação e a economia doméstica. O próximo ano será decisivo para determinar a direção do câmbio no Brasil”, projeta Laatus.

Com a perspectiva de inflação crescente e taxas de juros mais altas, o impacto da alta do dólar já começa a ser sentido tanto nas prateleiras quanto no bolso dos brasileiros, principalmente entre as classes mais vulneráveis. Enquanto isso, economistas e investidores aguardam sinais mais claros do governo para mitigar os riscos e estabilizar a moeda.


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