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Análise: Não é 1º de abril. É a Lava-Jato, de novo!

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RIO – No mundo político, a semana começou com a extrema unção do governo Dilma, após o desembarque festivo do PMDB. Nas últimas 48 horas, o PT comemorou uma surpreendente recuperação, com o aparente sucesso de um jogo duplo: de um lado a mobilização pública da “esquerda” contra o “golpe”, de outro a cooptação de partidos de “direita” por votos contra o afastamento.

A sexta-feira começou com ela, a Lava-Jato, na rua. Ainda não se sabe ao certo o alcance da 27ª fase, batizada de “Carbono 14”, mas é certo que ela devolve a batalha do impeachment ao mar de incertezas que caracteriza a política brasileira nos últimos dois anos.

A PF prendeu temporariamente nesta sexta dois personagens que causam calafrios ao PT e remontam a dois episódios que o partido gostaria de esquecer: o assassinato do prefeito de Santo André Celso Daniel e o mensalão.

Sílvio Pereira, ou Silvinho Land Rover, caiu com o partido no mensalão, fez um acordo com a Justiça no mundo pré-mensalão, recolheu os trapos e sumiu. É tido como um guardião de segredos preciosos de histórias não reveladas desse período e, por isso, sua vida de ermitão era motivo de alívio para os ex-companheiros.

Em 2006, Silvinho começou a contar parte desses segredos em entrevista ao GLOBO, mas desistiu no meio do caminho e teve um surto ao ouvir da repórter que não poderia voltar atrás da publicação. Disse que corria “risco de vida”, ameaçou se matar e destruiu parte do apartamento.

Já o empresário Ronan Maria Pinto chantageava o ex-presidente Lula e outros petistas para não revelar detalhes do crime de Celso Daniel, segundo disse o operador do mensalão Marcos Valério em depoimento em 2012. Com o tempo a história caiu no esquecimento, mas foi ressuscitada após outro depoimento neste ano, de José Carlos Bumlai, o pecuarista amigo de Lula.

Contou Bumlai que deu R$ 6 milhões a Ronan a pedido do PT. O dinheiro foi viabilizado pelo banco Schain, que, em troca, ganhou um contrato bilionário com a Petrobras.

Além das histórias cabeludas que possam surgir a partir daí, a “Carbono 14” reforça a conexão entre esses escândalos e serve para nos lembrar que o mundo político — não só o governo e o PT, diga-se — continua refém da Lava-Jato, que, apesar de suas trapalhadas, é ainda a mais poderosa das instituições brasileiras.


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