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Aliados de Dilma e governistas divergem sobre resultado de perícia do Senado

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BRASÍLIA – Governistas dizem que o resultado da perícia técnica pedida pela defesa da presidente afastada Dilma Rousseff, na comissão do Impeachment, acabou virando uma peça de acusação, ao reafirmar a ilegalidade dos decretos de crédito suplementar e a existência de operação de crédito nas pedaladas fiscais. Já os aliados de Dilma, na comissão, se apegam ao dado atestado , na perícia, que dá conta da inexistência de “ato comissivo” da presidente , ou seja, não houve assinatura dela ou participação direta nas pedaladas, para concluir que o resultado é positivo e abre uma brecha para tentar convencer os senadores a rejeitar o impeachment .

— Acho que a perícia melhora a situação da presidente Dilma. Não sei se só esse aspecto técnico é capaz de mudar o pensamento dos senadores. Agora, junto com outras coisas – Lava-Jato, desempenho do governo interino, movimentos de rua – pode ajudar — avalia o ex-líder do governo petista , senador Humberto Costa (PT-PE).

Novo líder da Minoria, o senador Lindbergh Faria (PT-RJ) diz que a perícia derrubou as pedaladas e esvazia acusação e objeto do impeachment.

— A perícia é a desconstrução da tese da acusação. Não há autoriza da presidente Dilma, não há pedaladas, esse assunto está superado — disse Lindbergh.

Por outro lado, integrantes da base do governo Temer na Comissão minimizam o fato de não haver a assinatura de Dilma nos atos não significa que não houve o crime. O líder do Democratas, Ronaldo Caiado (GO) discorda de Humberto Costa.

— Pelo contrário, a perícia deixa claro na pág 39 que foi uma modalidade de financiamento, o que é proibido pela Lei de Responsabilidade Fiscal. Agora querer um documento assinado da prática do crime pela presidente, é menosprezar a pouca inteligência da Dilma — ironizou Caiado.

A senadora Vanessa Grazziotin (PC do B-AM) destacou o ponto do documento que afirma não haver “ato comissivo” da presidente Dilma nas pedaladas. Na visão da senadora, a afirmação demonstra que Dilma não praticou irregularidade no caso.

— Eles (governistas) só leem a parte da perícia que lhes interessa — protestou Vanessa.

— A perícia comprova e tem o cuidado de dizer que não houve nenhum ato da senhora presidente Dilma na equalização das taxas de juros — disse o senador José Pimentel (PT-CE), dizendo que esses atos são de competência do Conselho Monetário Nacional e Ministério da Fazenda.

Já o senador José Medeiros (PSD-MT) comentou que, se os aliados de Dilma acham que a perícia inocenta a presidente afastada, “estão lendo outra perícia”, não a divulgada pela área técnica do Senado hoje.

— A perícia trouxe cabal e irretocável prova do crime praticado pela presidente Dilma. Vou repetir o seu advogado de defesa José Eduardo Cardozo, é de uma clareza solar. Ficou claro que era uma operação de crédito. Dizem que Dilma não assinou. Claro! Já viram, numa fraude, o fraudador colocar na fraude sua assinatura? — disse José Medeiros.

A avaliação mais dura, entretanto, foi feita pelo líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PB). Ele disse que a perícia exaltada hoje pela defesa de Dilma, é , na verdade, “um golpe fatal” para o julgamento final de seu afastamento.

— A perícia era um instrumento da defesa e passa a ser ferramenta da acusação, foi um golpe fatal para a defesa da presidente afastada. Fica caracterizado o crime de responsabilidade com relação aos decretos de crédito, suprimindo as prerrogativas do Congresso, e também a perícia contábil confirma que as chamadas pedaladas fiscais foram empréstimos bancários, inclusive com caracterização do pagamento de juros e não entra na autoria por não ser objeto da perícia — disse Cássio Cunha Lima.


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