Brasília Amapá |
Manaus

Aécio diz que com nomeação de Lula, Dilma ‘abdicou’ do mandato

Compartilhe

BRASÍLIA – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), disse que a presidente Dilma Rousseff “abdicou” de forma definitiva ao seu mandato, ao nomear o ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil. Aécio, em nota, classificou de “absolutamente condenável” a nomeação de Lula e disse que isso, na área econômica, pode levar ao “populismo e à irresponsabilidade fiscal”.

Para o tucano, sempre ficará a “certeza” de que foi uma manobra para se “interferir” nas investigações da Lava-Jato.

“Sob todos os aspectos, é absolutamente condenável a nomeação do ex-presidente Lula para a Casa Civil. Do ponto de vista da presidente, é a abdicação definitiva de seu mandato. Do ponto de vista político, passará sempre certeza de ser uma tentativa de interferir de forma direta na Operação Lava Jato e nas investigações do Ministério Público de São Paulo”, disse Aécio na nota.

E o tucano ressaltou a preocupação do PSDB com a condução da economia.

“Do ponto de vista da economia, pode representar uma tentação irresistível ao populismo e irresponsabilidade fiscal que nos trouxeram a esse calvário que vivemos hoje”, alertou o tucano.

Aécio disse que isso não reduz a força do movimento pró-impeachment da presidente Dilma Rousseff:

“Continuaremos firmes no apoio ao impeachment e na expectativa de que o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) cumpra seu papel”.

Para o tucano, a nomeação significa de que “não há mais governo”. E acrescentou: “Por maiores que sejam os malabarismos que se façam, enquanto a presidente da República estiver no cargo, não há possibilidade de um novo recomeço para o país”.

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso também se manifestou sobre a nomeação de Lula. O tucano estava no meio de uma palestra quando afirmou ser um erro a decisão política. Ele também classificou o fato como “escandaloso” e disse que a população precisa reagir. Sobre as suspeitas que recaem sobre o presidente nacional do PSDB, Aécio Neves, FH não fez menção durante todo o evento.

– Falando politicamente, acho que a sociedade precisa reagir energicamente contra, porque acho escandaloso uma pessoa ser ministro num momento em que pode virar réu num processo. Fica muito esquisito. Aumenta a crise moral – defendeu FH.

Numa palestra contratada por uma empresa de seguros em São Paulo, o ex – presidente começou a comentar o assunto com um tom mais ameno.

-A Casa Civil é o comando da máquina administrativa do governo e não da política. Nomeando um político para ela, estão fazendo confusão. Do ponto de vista de organização é um erro – disse FH.

Para o tucano, o ministro da Casa Civil tem que se dedicar a cobrar a máquina do governo para funcionar. Na opinião dele, Lula está longe de ter esse perfil. – Você acha que o Lula vai cobrar? Ele vai fazer política.

Mais adiante, ele questionou a proposta de Lula de baixar juros e aumentar o crédito no país neste momento de crise como solução para a economia brasileira.

Já o senador José Serra (PSDB=SP) disse nesta quarta-feira que a nomeação do ex-presidente Lula é uma medida “desesperada” da presidente Dilma Rousseff e que seria “suicídio” o uso de reservas cambias pelo governo em despesas. Mas o tucano admitiu que a nomeação terá impacto político no processo de impeachment da presidente Dilma, mas não a ponto de rever o quado pró-impeachment.

– É uma tentativa desesperada para botar o governo para flutuar. Um governo que está afundando a olhos vistos, na tentativa desesperada, um recurso extremo – disse Serra.

Serra disse que sempre foi contra o uso das reservas, porque isso seria uma irresponsabilidade.

– Não acredito que, desde o primeiro momento, me manifestei contra a ideia de gastar reservas de dólares. Porque você gasta, piora as expectativas sobre a economia, não as repõe e fragiliza a posição do país. Seria uma medida insensata pegar os dólares que estão como reserva e torrar em despesas. Isso não leva longe. Além do mais, é um efeito de uma única vez. No ano que vem, o programa não retorna. Não faz sentido nenhum isso. Seria um verdadeiro suicídio do governo fazer isso. Acho que não (reverte o impeachment), mas. Mas inegavelmente vai interferir no processo – disse Serra.

Serra ainda defendeu o presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-SP), quanto a denúncias vindas da delação do senador Delcídio Amaral.

– Não tem nenhuma consistência. Como bem disse Cássio, os políticos são tudo farinha, mas não do mesmo saco. Investigue-se. O próprio Aécio deseja isso – disse ele.

DISCUSSÃO DO PARLAMENTARISMO FICA PARA DEPOIS

Um dia depois de o Senado recuar na instalação de uma comissão para discutir o semiparlamentarismo, o senador José Serra reconheceu que esse não melhor momento para se discutir o assunto. Serra defendeu o Parlamentarismo com sistema de governo a partir de 2019, já valendo para a escolha dos governantes nas eleições de 2018. Na sessão de terça-feira, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), anunciou o recuo e que não instalaria a comissão. A proposta do semiparlamentarismo perdeu força depois que caciques do PSDB e do DEM avaliaram que a proposta foi mal-recebida, como uma manobra golpista.

_ Minha ideia é de que seja implementado a partir das eleições de 2018 valendo, portanto, a partir de 2019. O presidente Renan já disse que não vai instalar a comissão especial agora. A formação da comissão é porque tem várias emendas parlamentaristas e tem que se chegar a uma, em um trabalho junto com a Câmara. É um trabalho muito demorado, complexo e que tem que ter mt discussão _ disse Serra.

OPOSIÇÃO PROTOCOLA AÇÕES CONTRA NOMEAÇÃO

Assim como os tucanos, opositores de outros partidos deflagraram uma chuva de ações na Justiça para tentar impedir a nomeação. A avaliação da oposição é que Lula tenta se “blindar” com foro especial. O líder do DEM no Senado, Ronaldo Caiado (GO), disse que o ex-presidente tenta se “esconder” e que ninguém mais vai querer dialogar com a presidente Dilma Rousseff.

Caiado informou que as ações populares dos parlamentares do DEM estão prontas e que ele entrará em Goiânia. Já o líder do PV no Senado, Álvaro Dias (PR), já protocolou Ação Popular na Justiça Federal de Brasília pedindo liminar sustentado a nomeação ou os efeitos da nomeação. Todas as ações estão no sentido de que há um desvio de finalidade com a nomeação de Lula.

Para Caiado, o sinal de que Lula seria ministro foi o fato de o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, ter colocado seu cargo à disposição. Lula pediu ao governo mudanças na economia para ser ministro.

— O objetivo dessa nomeação é Lula se esconder da Lava-Jato. Ninguém vai querer falar com a Dilma, ou seja, ninguém vai querer falar com o sacristão se pode falar com o Papa. Mas Lula hoje não tem a credibilidade que tinha. Mas essa nomeação não tem como manter ou deter um projeto de um governo terminal com um salvador da Pátria — disse Caiado.


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7