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Aécio discute com Temer uma agenda emergencial em caso de impeachment

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BRASÍLIA – O presidente do PSDB, senador Aécio Neves (MG) , confirmou nesta terça-feira que discutiu ontem numa reunião de mais de três horas com o vice-presidente Michel Temer a construção de uma agenda emergencial de recuperação para o país, para ser implementada em caso de aprovação do impeachment da presidente Dilma Rousseff. Aécio disse que, para o PSDB, o melhor era que Dilma tivesse condições de concluir seu mandato até 2018, mas diante da impossibilidade, o consenso no partido é, ao contrário do PT no governo Itamar Franco, agir com responsabilidade para dar todo apoio político que Temer precisar para tirar o Brasil da situação “caótica” em que se encontra.

Para que isso aconteça, disse Aécio, o impeachment é o caminho mais curto.

— Nós do PSDB não fugiremos da nossa responsabilidade de ajudar o Brasil. Aprovado o impeachment, nós temos que estar prontos para ajudar na construção de uma agenda ousada de resgate do Brasil. Não faremos como o PT, que negou apoio ao governo do presidente Itamar Franco. Daremos nosso integral apoio político ao governo de transição, não necessariamente com ocupação de cargos — disse Aécio, frisando que falava como presidente do PSDB, e que haveria uma convergência na legenda sobre esse acordo com o PMDB.

Perguntado sobre declarações do senador José Serra (SP) , que pensa a participação do PSDB num eventual governo Temer com ocupação de cargos, Aécio minimizou:

— São declarações de posição pessoal do senador.

Aécio também reagiu às declarações do presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que, depois de se encontrar com o ex-presidente Lula, disse que impeachment, sem provas, é golpe, e criticou o desembarque do PMDB da base governista. O tucano disse que depois de reunião com líderes do partido e outras legendas, a expectativa é de que aprovado na Câmara, “é quase impossível” que o Senado impeça esse processo de ser concluído na Casa.

— Nós respeitamos a posição do presidente Renan, mas as bases do PMDB avançam numa velocidade maior do que o que ele pensa sobre o impeachment — respondeu Aécio, completando:

— Essa Casa é capaz de muitas coisas, menos de virar as costas para a opinião pública e a pressão da sociedade .

Sobre o discurso feito hoje pela presidente Dilma Rousseff em reunião com aliados juristas no Planalto, em que chamou o impeachment de “golpe” e tentativa da Oposição de chegar ao poder sem votos, Aécio disse que o processo do impeachment se dá absolutamente dentro das regras democráticas e constitucionais, definidas pelo Supremo Tribunal Federal e avalizadas pelo PT ao aprovar a criação da comissão processante na Câmara.

Ao comentar as declarações da presidente, Aécio disse que Dilma está tendo , nos últimos dias, um comportamento oscilante, deixando de lado a arrogância para assumir a vitimização.

— Se a presidente Dilma tivesse condições de chegar a 2018 cumprindo seu mandato, seria o melhor para nós da Oposição. Mas ela já provou que não tem condições de chegar a 2018. Se aprovado o impeachment, quem assumirá o poder é alguém que esteve nesse governo nos últimos 13 anos — disse Aécio.

Sobre a reunião com Temer ontem a noite, em São Paulo, Aécio diz que é natural que os presidentes dos dois maiores partidos conversem sobre o cenário que se desenha com a aprovação do impeachment “muito rapidamente”.

— Nesse momento é importante que as lideranças conversem . Quero confirmar que estive ontem em São Paulo numa longa conversa com o vice-presidente e presidente do PMDB Michel Temer, avaliando o cenário a nossa frente e dividindo nossas preocupações. Encontrei o vice presidente sereno mas muito ciente do seu papel nesse momento. Vamos agora estender essa conversa a outras forças tendo como única prioridade, o Brasil. Tirar o País dessa situação econômica e social caótica — disse Aécio.

Ele explicou que a avaliação de todos é que, nesse momento, o impeachment é o caminho mais rápido para fazer esse “resgate” da confiança no País, já que um processo no Tribunal Superior Eleitoral poderia demorar demais.

— O mandato conquistado pelo voto teria mais legitimidade para fazer as reformas que serão necessárias. Mais nesse momento a convergência é que o impeachment é o caminho mais curto para o resgate da confiança e a recuperação do Brasil — disse Aécio.


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