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Bomba! Empresário que tentou negociar Fucapi é preso acusado vender diplomas falsos

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Manaus – O empresário que tentou atravessar a negociação para comandar a Fundação Centro de Análises, Pesquisa e Inovação Tecnológica (Fucapi), na semana passada, José Caitano Neto, foi preso na tarde de quarta-feira, 28, em São Paulo, acusado de vender diplomas falsos de faculdades do Brasil e até do exterior, com valores que chegavam a até R$ 97 mil. A prisão do empresário repercutiu nos principais veículos de comunicação do País, como TV Globo, Portal G1 e Portal R7.

José Caitano Neto é dono do Grupo Digamma Educacional, e foi indicado pela atual diretora-presidente da Fucapi, Isa Asseff dos Santos, e pelo presidente do Conselho Administrativo da Fundação, Antônio Silva, que é presidente da Federação das Indústrias do Amazonas (Fieam), para ser o novo mantenedor da instituição. A atual gestão está sendo investigada pela responsabilidade de ter deixado a Fucapi se afundar em dívidas que, hoje, somam mais de R$ 100 milhões.

Por outro lado, a indicação de José Caitano surgiu na última semana de negociação para a nova gestão da Fucapi junto ao Ministério Público do Estado (MP-AM), cujo processo está sendo comandado pela titular da 47ª Promotoria de Justiça de Fundações e Massas Falidas (47ª PJFMF), Kátia Maria de Araújo Oliveira.

Os funcionários da Fucapi recusaram a proposta de José Caitano uma vez que o empresário quer parcelar em dez vezes os salários que estão atrasados há mais de sete meses, além de ter uma proposta de investimento para a fundação inferior a do primeiro empresário.

Apesar de ter uma proposta menos vantajosa para os funcionários e para a gestão da Fucapi, os professores da instituição de ensino informaram que o nome do empresário foi aprovado pela promotora de Justiça Kátia Maria e anunciado pela atual presidente da fundação em reunião, conforme áudio que veio a público nesta quarta-feira.

No áudio o qual a reportagem teve acesso, Isa Asseff faz o seguinte anúncio: “Eu trouxe aqui o Doutor Caitano, o Doutor Caitano é o empresário que, hoje, assinou o contrato de mantenedor da Fucapi e obviamente que o
Conselho de Administração da Fucapi, o presidente (Antônio Silva) assinou o referendo. E o conselho (reunião) será no dia 3 de abril por falta de agenda do nosso próprio presidente do conselho…”.

Isa continuou se explicando porque escolheu o empresário José Caitano para ser o novo mantenedor da Fucapi. “Ontem, tinha uma história aqui dentro, porque eu não gostava dele e porque eu não queria me desapegar da presidência. O que não é verdade. Se alguém quer se desapegar, esse alguém sou eu, mesma, mas numa boa. A vida é de ciclos e meu aqui está acabando”, disse Isa.

Professores da Fucapi informaram que um dos principais problemas da atual gestão é o temor de passar por uma auditoria interna. No áudio, o empresário diz que está ciente de todas as obrigações e insinua que já tem o aval de todo 100% do conselho, que é presidido por Antônio Silva.

“Consideramos muito estranho que há uma semana esse empresário (José Caitano) apareceu e logo se tornou uma indicação da Senhora Isa e do Senhor Antônio Silva com o aval da Doutora Kátia, mesmo ele apresentando a pior proposta. Agora, com a prisão dele por falsificação de diplomas ficou evidente que sua presença como mantenedor da Fucapi será uma grande afronta”, afirmou um professor que não quis ter seu nome divulgado.

Chefe de quadrilha

O empresário José Caitano foi preso com mais dez pessoas, hoje, em São Miguel Paulista, na zona Leste da cidade de São Paulo, por vender diplomas falsos de faculdades.

Segundo a Polícia, a quadrilha entrava em contato com as instituições de ensino de vários estados e do exterior para oferecer diplomas de nível superior, pós-graduação e cursos semipresenciais sem a autorização do Ministério da Educação (MEC).

Os preços variavam conforme o curso: um diploma de direito era vendido por R$ 35 mil; o de medicina veterinária, R$ 70 mil e o de medicina era negociado por R$ 97 mil.

Nome sujo

Em uma matéria do Jornal Correio Brasiliense, o empresário é acusado de assumir, em 2010, como mantenedor da Faculdade da Terra de Brasília (FTB), afundada numa crise que parece longe do fim e não ter pago nenhum dos funcionários.

O último episódio, segundo jornal, ocorreu em dezembro de 2010, quando todos os 104 professores foram demitidos sem comunicação prévia. Ainda de acordo com o jornal, nenhum deles recebeu os direitos trabalhistas. A direção da FTB alegou que a dispensa em massa atendeu a uma orientação do Ministério da Educação (MEC), que teria sugerido a contratação de docentes mais qualificados, mas o órgão federal negou qualquer ingerência na decisão.

José Caitano, também, responde a 104 processos, sendo 103 processos no Distrito Federal e 1 em Tocantins. Desses processos, Ética Consultoria Empresarial e Gerenciamento de Imóveis S/A foi a parte que mais apareceu, totalizando 12 ou mais processo.

Outro professor da Fucapi questionou a falta de cuidado do presidente do Conselho Administrativo da fundação, Antônio Silva, em não ter pesquisado o histórico empresarial do novo mantenedor da instituição. “Com a internet, qualquer pessoa pode ter o passado pesquisado. A pergunta que fica é será que o senhor Antônio Silva e a própria promotora Kátia Maria sabiam desse passado do novo mantenedor da Fucapi?”, questionou o funcionário, lamentando a situação da entidade.

Pedido de falência

Em janeiro deste ano, a atual gestão da Fucapi pediu falência da instituição de ensino, declarando não ter como pagar dívidas com fornecedores e com a folha de pessoal, que estava atrasada desde o ano passado.

Na época, o Ministério Público do Estado (MP-AM) entrou com uma ação para que cessassem as matrículas na instituição. Além disso, o órgão esperava um aporte financeiro de uma empresa estrangeira, que já estava em curso avançado.

Kátia Araújo explicou que as dívidas se acumularam a partir do momento em que a instituição precisou encerrar o convênio que tinha com a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).

“Houve uma determinação do Ministério Público Federal. Praticamente mantinha a Fucapi funcionando. Os outros contratos não foram renovados. Parou de ter fluxo. A universidade tem alunos pelo ifes, que às vezes atrasa. Isso é uma bola de neve. O que entra é bem menos do que sai. Uma hora explode, como qualquer processo falimentar”, disse, a promotora, na época, à imprensa.

Ouça o áudio:

Fonte: Amazonas1


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