Grupo Kodo traz ao Rio a melodia dos tambores
RIO – Depois da derrota na Segunda Guerra Mundial e do rápido processo de reconstrução e desenvolvimento econômico, o Japão passou por um período em que sua cultura tradicional foi relegada a regiões periféricas do país. Foi em uma dessas localidades, na ilha de Sado, que o grupo de percussão Kodo se estabeleceu para estudar e preservar a arte do taiko, o tambor japonês. O grupo traz agora o espetáculo “Dadan” ao Rio, com apresentações de quinta a sábado na Cidade das Artes e, no domingo, no Parque Madureira.
— O Kodo usa instrumentos tradicionais e respeita toda a nossa música e cultura, mas acreditamos que nossa prioridade não é a preservação. Nossa missão é reconstruir a arte e a cultura tradicionais, criando novas formas e novos valores — afirma Yuichiro Funabashi, diretor musical do grupo.
“Dadan”, que significa “os homens dos tambores”, foi idealizado pelo diretor artístico da companhia, o ator de kabuki Tamasaburu Bando, um conhecido onnagata (especialista em papéis femininos). Construído usando apenas elementos considerados “masculinos” (integrantes do sexo feminino, canto e instrumentos melódicos foram suprimidos), o espetáculo tem como conceito o ininterrupto som da percussão, de forma a despertar a melodia dos tambores. Segundo Funabushi, “Dadan” mudou muito desde a estreia, em 2009, e trouxe ao grupo uma nova percepção sobre a importância de notas melódicas, canções e intérpretes do sexo feminino, justamente pela ausência desses elementos.
Longe de grandes centros urbanos, os músicos vivem em comunidade e dedicam horas à prática diária, sendo considerados “atletas” da percussão.
— O taiko é um instrumento que estimula todos os cinco sentidos, ressonando fundo na alma e estimulando as emoções — acredita o diretor.
O percussionista Marcos Suzano, que esteve no Japão mais de 30 vezes, visitou a ilha de Sado durante o festival de verão e participou de um intercâmbio com o Kodo, conta que sua lembrança mais marcante de lá é o okuri daiko, uma despedida reservada aos visitantes do festival: à medida que o barco se afasta da ilha, o som dos instrumentos vai sumindo de acordo com as leis da física, com os agudos sendo os últimos a serem ouvidos.
— Ritmicamente, eles vão a um território incomum para nós, usam outra divisão de tempo — resume Suzano.
SERVIÇO
“Dadan”
Quando e Onde: De quinta a sábado, às 21h, na Cidade das Artes — Av. das Américas, 5.300 (3328-5300); domingo, às 19h, no Parque Madureira — Rua Soares Caldeira, 115.
Quanto: de R$ 50 a R$ 150 (Cidade das Artes) e grátis (no Parque Madureira).
Classificação: Livre