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Caco Barcellos e seu ‘Profissão repórter’ voltam em nova temporada

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Dia desses, Caco Barcellos passeava, de férias, pela Avenida Paulista, quando se deparou com um casal sob o efeito de drogas. Não teve dúvidas: estacionou o carro e prestou socorro à moça e ao rapaz, em processo de overdose.

— Não tem como você ver uma situação dessas e não parar. Liguei para o 190, pedi que ele me ajudasse com a moça, mas ele também caía. E aí começou a me contar coisas — explica Caco.

Não é raro o jornalista sair pela noite paulistana para conversar com prostitutas, andarilhos e trabalhadores de baixa renda. Até hoje vai a favelas entender a situação de quem vive ali. Também não é raro receber cartas de doentes mentais, que lhe contam histórias e pedem ajuda. E é esse tipo de pauta que o alimenta como jornalista. E que ele procura levar para o “Profissão repórter”, que inicia sua 10ª temporada amanhã, às 23h45m, na Globo, onde é exibido às quartas.

— A nossa pauta é a que está na rua. Embora feito por jovens, o programa tem um olhar para áreas que nem sempre são visadas. Queremos falar do conjunto, não de uma minoria. E o Brasil é um país sofrido. Se estivéssemos na Suíça o perfil das reportagens seria outro — avalia.

Para comemorar uma década de existência, Caco e equipe vão lançar um livro com as dez reportagens mais marcantes até aqui. Aquelas que sintetizam a essência do jornalístico, explica ele. Além disso, vão procurar, país afora, profissionais que tenham o olhar fresco da atração para ter experiências ao lado da equipe, atualmente formada por Danielle Zampollo, Eliane Scardovelli, Erik von Poser, Estevan Muniz, Guilherme Belarmino, Mariana Fontes, Mayara Teixeira, Valéria Almeida e Victor Ferreira.

— Falar com as pessoas é uma marca do nosso programa, o olhar simultâneo e arejado dos nossos repórteres. Trabalhamos em várias pautas ao mesmo tempo, às vezes ficamos três meses ou mais atrás de uma história. Eu sou apaixonado pela reportagem — conta.

SEM SENSACIONALISMO

Como um tutor dos jovens repórteres, Caco diz que até hoje acha que não vai conseguir a matéria de amanhã. Se envolve, fica nervoso. Acha que a informação disponível exige precisão. E rechaça o jornalismo “sensacionalista”.

— Claro que liberdade absoluta não existe em nenhum lugar do mundo, mas tenho um veículo que me dá recursos para ir atrás do que quiser. Eu quero ser isento de opinião, isento de ter que tomar partido de coisas chatas. A gente tem que contar algo que surpreenda, mas com relevância. Não gosto desse tipo de matéria que é inútil, só causa impacto, sem relevância. Isso me preocupa muito. É a nossa credibilidade que está em jogo — defende ele. — Hoje temos muitos concorrentes. O humorista que faz reportagem, o marqueteiro que joga para a política. O próprio Obama (presidente dos EUA) é um comunicador.

Talvez pelo excesso de gente que se comunica sem se aprofundar, as redes sociais não são uma tentação para ele. E não se sente nem um pouco excluído, garante.

— A internet virou cenário de linchamento moral. Gosto da democratização da plataforma, mas ao mesmo tempo permite que qualquer um publique de forma irresponsável. Gosto de fazer direito. Então não sobra tempo — diz ele, que trata a insônia e agora está conseguindo dormir uma média de 8 horas por noite.

Entre apurações e entrevistas, abre uma brecha para o futebol, hábito antigo. Aos 65 anos, garante que bate um bolão.

— Tento parar, mas a torcida não deixa — brinca.


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