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Diversidade sonora e religiosa é marca da vida cultural do Maracanã

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Rio de Janeiro – Ao longo de sete décadas o Maracanã serviu de palco para inúmeras atrações culturais e religiosas. Multidões se espremeram para celebrar a fé e ídolos da música ao longo do tempo. Há 40 anos, 170 mil pessoas fizeram um silêncio solene para Frank Sinatra. Era verão no Rio de Janeiro e os temporais desta época, por pouco, não impediram o show. Não houve passagem de som, os violinistas tinham medo de molhar os instrumentos e o próprio “The Voice” pensou em ir embora calado naquela noite. Mas a chuva parou a uma hora do espetáculo e ficou para a história do artista, que chamou o momento como o ápice da carreira profissional.  

Em 1988, anunciada por Neguinho da Beija-Flor e do alto de um carro alegórico, projetado pelo carnavalesco Joãosinho Trinta, Tina Turner entrou no estádio para apimentar 188 mil foliões. A apresentação da cantora, aos 55 anos, entrou para o Livro dos Recordes (Guinness Book).

“Era muito nova, mas estava lá”, lembra Bárbara Carauta, que cresceu na casa dos avós, na Rua Isidro de Figueiredo, quase em frente a um dos portões de acesso ao Maracanã. “Por conta desta proximidade, sempre fiz atividades no complexo esportivo do estádio, pratiquei natação, nado sincronizado e ginástica olímpica. A minha avó sempre me levava e, como mimava todo mundo com seus doces e simpatia, sempre ganhava algum ingresso”, explica a diretora de arte, que também esteve nos shows de Sting. Em 1987, o vocalista britânico fez uma apresentação solo, e 20 anos depois, integrando a banda The Police, faria o que os críticos musicais consideram como derradeira turnê internacional de música no estádio para 70 mil fãs.

Em 1991, durante nove dias, o Maracanã abrigou o Rock in Rio. Cerca de 700 mil pessoas alternaram-se para ver os noruegueses do A-ha, Prince, George Michael e outras estrelas. Houve ainda o boicote de algumas bandas nacionais, como Raimundos e o Rappa, por não terem os mesmos privilégios na passagem de som que os grupos estrangeiros. Contudo, os brasileiros marcaram presença com Titãs, RPM, Elba Ramalho e Alceu Valença, entre outros. Na noite do Heavy Metal, Lobão foi hostilizado e saiu de cena na segunda canção. A bateria da Mangueira, que faria uma apresentação com ele, foi sozinha batucar para os metaleiros. “Naquele dia, como era a vez da turma da pesada, eu e minha mãe fomos de arquibancada, em vez de pista, mas no final não houve nenhum tumulto”, conta Bárbara, que foi apenas a um jogo de futebol em 44 anos. “Morando ali perto, percebi como o clima e as turmas eram diferentes. Quem ia às partidas, sempre brigava na maioria das vezes. A violência era tanta que a gente nem podia sair de casa. Já nos shows, existia muito mais harmonia entre as pessoas”.

A visita do papa

Em 1980 e em 1997, quem entrou em campo pela paz foi o papa João Paulo II. Na terceira passagem do Sumo Sacerdote católico pelo Brasil, ele rezou junto com 115 mil fiéis no Maracanã. O Templo do Futebol também abriu as portas muitas vezes para os evangélicos. Em uma delas, Marlene Bello foi ao estádio pela segunda vez na vida. “Antes, eu tinha levado meus quatro filhos, no fim dos anos 80, para ver a chegada do Papai Noel de helicóptero”, conta a aposentada de 66 anos, revisitando a memória daquela viagem. “Nós pegamos um ônibus de Seropédica (cidade a 60 km do centro do Rio) até Campo Grande, e depois um trem. Impossível esquecer o calor e aquele lugar cheio de gente, parecia um formigueiro. Valeu a pena esse Natal! Porque as crianças, que hoje são adultas, lembram bem daquele dia, que, além do Bom Velhinho, teve Xuxa e Os Trapalhões”, recorda.

A diversidade de sons atravessou o Maracanã em 70 anos. Do axé da baiana Ivete Sangalo (2006), passando pelo Beatle Paul McCartney (1990) ao performático conjunto Kiss (1983), que levou 250 mil pessoas para ouvir as faixas do álbum Creatures of the Night. Profano ou sagrado, o estádio carrega a vocação dos grandes atos.

Fonte: Agência Brasil. 


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