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Teatro por todos e para todos: os espetáculos inusitados em cartaz em Londres

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LONDRES – Londres não tem mais o que inventar. Os inúmeros segredos que se vai descortinando surpreendem até os que se consideram iniciados. Mas nada como bons contatos. Só assim para saber do “You me bum bum train”. O evento, criado em 2004 pelos artistas Kate Bond e Morgan Lloyd é uma grande peça de teatro, com cenas sucessivas e simultâneas, vividas pelos passageiros do trem daquela noite.

Os atores são em grande maioria voluntários. Sem experiência profissional. De palco ao menos. Muitos são escolhidos por conhecerem o ofício do personagem. Tudo funciona na base do improviso, e os espectadores-passageiros (até 70 por noite) são parte do show e devem interagir. A cada nova porta, uma situação. Passada uma cena, arrumam-se todos para o passageiro seguinte. Os organizadores evitam spoilers e o site é pouco esclarecedor. Difícil também conseguir ingressos. Tem mais chances quem se apresenta como voluntário (bumbumtrain.com). Estes nunca são dispensados.

— Participei de uma cena numa sala que imitava uma casa de shows. Era escura e tinha umas 40 pessoas dentro, além de um DJ. O passageiro saía de um túnel de um dos cantos superiores da sala recém-chegado de outra cena, quando se deparava com aquelas pessoas embaixo dele, com os braços levantados. Era carregado de uma ponta a outra da sala. Depois, todos dançavam e pulavam até o segurança pegá-lo e colocá-lo para fora, antes da chegada do seguinte — conta um voluntário.

Em 2010, a peça ganhou o prêmio Oxford Samuel Beckett Theatre Trust Award, assim como o Evening Standard Theatre Award.

A After Dark Murder Mistery Events também teve ideia inusitada. O grupo ganhou a exclusividade de uso dos direitos autorais dos personagens e roteiros de Agatha Christie. O espectador ouve as testemunhas e ajuda a desvendar um dos vários assassinatos das histórias da rainha do crime durante um jantar de três pratos. Para evitar que os fãs de Christie tenham as respostas antes do fim das investigações, os organizadores podem mudar algo aqui e ali. O grupo já recebeu prêmios de teatro. A programação deste ano deve ser anunciada em breve. Vale acompanhar o site, porque os ingressos acabam depressa.

No mainstream do teatro londrino, há a emblemática peça “A ratoeira”, baseada no livro de Agatha Christie, no St. Martin’s Theatre (the-mousetrap.co.uk). Está no livro dos recordes por ser a mais antiga do mundo em cartaz. São 64 anos e mais de 25 mil apresentações. Os ingressos custam de 17,50 libras (R$ 100) a 66 libras (R$ 377).

Em outra das dezenas de casas tradicionais de teatro da cidade, um dos destaques da temporada é a peça de Henrik Ibsen “Solness, o construtor”, com Ralph Fiennes, no papel principal, na nova adaptação de David Hare, no Old Vic. É a segunda apresentação seguida do britânico, que em 2015 interpretou “Homem e super homem”, de Bernard Shaw, no National Theatre. De novo, Fiennes se supera no palco e arranca aplausos de pé da plateia. Em cartaz até 19/3. Os ingressos custam de 12 libras (R$ 69) a 60 libras (343).

Áustria: um museu, duas obras ímpares

Duas retrospectivas prometem movimentar o Leopold Museum em Viena. O escultor alemão Wilhelm Lehmbruck (1881-1919), um dos artistas mais importantes da primeira metade do século XX e pioneiro da escultura moderna na Europa, ganhou sua primeira grande retrospectiva na Áustria. As 50 esculturas e 90 pinturas, desenhos e gravuras estarão em exibição de 8 de abril a 4 de julho. Haverá ainda obras de amigos e contemporâneos do escultor, como Archipenko, Brancusi, Modigliani, Käthe Kollwitz, George Minne, Ernst Barlach e Egon Schiele.

Já a artista plástica belga Berlinde De Bruyckere, nascida em 1964, é daquelas que incomodam o espectador desavisado com suas formas cruas do corpo humano em obras impressionantes. Ela é uma das artistas mais importantes dos dias de hoje. Esta será a sua primeira grande exposição solo em Viena e ficará em cartaz de 8 de abril até 5 de setembro. O Leopold Museum em si já é um espetáculo à parte. Dono da maior e mais importante coleção de Egon Schiele do mundo, é o maior e mais visitado museu do Museum Quartier, recebendo mais de 350 mil pessoas por ano.


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