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Atividades naúticas no Araguaia às festas juninas do Nordeste: confira atrações de meados do ano pelo país

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SÃO PAULO – Vem aí a temporada de observação de baleias-francas na costa catarinense. Em São Luís do Maranhão, é grande a expectativa pelo período das festividades em torno do bumba meu boi. O Amapá, por sua vez, já se programa para o equinócio da primavera. E, enquanto Goiás dá os últimos retoques na organização de um festival de música às margens do Rio Araguaia, Minas Gerais investe em roteiros que garantam interatividade.

Passado o verão, não vão faltar, país afora, atrações regionais, típicas ou não, produzidas tanto pela natureza como pelo Homem. As festas juninas, por exemplo, são um grande acontecimento no Norte e no Nordeste.

Nada mau, considerando que a crise econômica, aliada a um câmbio instável, tem feito o brasileiro apostar mais no mercado interno: ano passado, em que pese a queda geral no número de embarques, enquanto o faturamento no segmento de viagens internacionais caía 22%, o do turismo doméstico registrava aumento de 6,4%.

Para 2016, as previsões do mercado são de estabilidade. Mas operadores e agentes de viagem sabem que precisam ser criativos. Que devem garantir vantagens à clientela, através de promoções em pacotes e flexibilidade nos financiamentos — até porque, as novas tecnologias, que facilitam as pesquisas de preços e de ofertas, batem insistentemente à porta do turista.

— Sabemos que 2016 seguirá exigindo criatividade. E estamos preparados para isso, para atender a um consumidor cada vez mais exigente e antenado — diz Magda Nassar, presidente da Associação Brasileira das Operadoras de Turismo (Braztoa), que na semana passada realizou em São Paulo seu 45º encontro comercial, em paralelo à WTM Latin America 2016, feira internacional de turismo.

Assim, se você está à cata de ideias para férias em solo nacional entre este começo de outono e o da primavera, cheque nas próximas páginas alguns destaques entre as atrações turísticas de cinco estados, um de cada uma das cinco regiões do país.

SUDESTE: O FRIOZINHO QUE GARANTE A TEMPORADA EM MINAS GERAIS

Em terras mineiras, a alta temporada acontece no inverno. E, em épocas de interatividade, a aposta local é no turismo de experiência. Assim, fazer o visitante participar das atrações, e não apenas observá-las, virou palavra de ordem por lá. É o que mostra a maior parte das 32 rotas que a Secretaria de Estado de Turismo de Minas (Setur-MG) apresenta, desde o ano passado, como sugestão de destinos na região (minasgerais.com.br).

— O turismo de experiência é a tendência — diz a secretária adjunta, Silvana Nascimento.

Quase no meio do caminho entre Belo Horizonte e Ouro Preto, por exemplo, a dica é parar na cidade de Itabirito, não só para experimentar seu famoso pastel de angu, considerado patrimônio cultural do município, como aprender a prepará-lo.

Nas cidades históricas, especificamente, a atividade de observação da arquitetura barroca ganha destaque, em roteiro de seis dias que inclui contação de histórias e encenação teatral. Mas a arte contemporânea também tem vez em Minas, com Inhotim e arredores merecendo, dos organizadores, um passeio de quatro dias — dois deles apenas para conhecer o museu.

O Instituto Estrada Real, da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), por sua vez criou um passaporte para quem percorre a via e visita suas cidades. Gratuito, o livreto deve ser requisitado pelo insitutoestradareal.com.br. Curiosamente, entre as seis cidades em que ele pode ser retirado estão duas do Estado do Rio, que também são cortadas pela Estrada Real: Paraty e Petrópolis. As demais integrantes da lista são Ouro Preto, Tiradentes, Barão de Cocais e Diamantina.

SUL: LITORAL CATARINENSE VIRA MATERNIDADE DE BALEIAS

De julho a outubro, 130 quilômetros ao longo da costa de Santa Catarima se transformam em área de moradia para as baleias francas. E sua observação se torna o destaque do turismo na região. Ali está inserida a APA da Baleia-Franca — que vai da Lagoinha do Leste (no sul de Florianópolis) a Balneário Rincão (no sul do estado). Elas chegam no inverno para acasalamento e reprodução, depois de ter passado o verão na Antártida, se alimentando.

De hábitos costeiros, as baleias-francas ficam muito tempo próximas à arrebentação, o que facilita seu avistamento de vários pontos de praia e mirantes. Elas se concentram mais nas cidades de Imbituba, considerada a capital nacional da espécie, e Garopaba. Na região, trilhas usadas por pescadores foram adaptadas para a observação, sendo que mais de 200 baleias e seus filhotes já foram identificadas na APA.

— Nosso litoral funciona como motel e maternidade pra elas — brinca o presidente do Instituto Baleia Franca (IBF), Enrique Litman.

Por conta disso, nos últimos anos, a Praia do Rosa, em Imbituba, tem obtido no inverno a mesma ocupação de turistas do verão. Para este ano, empresários locais estão na expectativa da liberação, pela Justiça, da observação feita em passeios de barco, atividade proibida desde 2013. Para isso, será preciso que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) adote, até junho, medidas de proteção já fixadas na ação judicial. O tour, de duas horas, deverá custar uns R$ 180, por pessoa.

A observação embarcada de baleias no país é controlada por lei federal. Um barco precisa respeitar cem metros de distância ao passar por elas e não pode acompanhar seu curso por mais de meia hora. Pelo site baleia.franca.org.br, será possível checar quais empresas terão autorização para oferecer o passeio.

NORTE: NO AMAPÁ, A DOBRADINHA ENTRE O EQUINÓCIO E A POROROCA

Macapá, localizada às margens do Rio Amazonas, é a única capital brasileira cortada pela linha do Equador. Assim, parte da cidade está no Hemisfério Norte e, parte, no Hemisfério Sul. Uma peculiaridade que funciona como bom chamariz — a maior parte dos turistas vem da vizinha Guiana Francesa e da Europa. Segundo Sandro Borges, assessor da Secretaria de Turismo do Amapá, dos 60 mil turistas que o estado recebeu no ano passado, cerca de 17 mil estiveram no Monumento ao Marco Zero (foto), a cinco quilômetros da capital.

Dali, em março e setembro, observa-se o equinócio — a passagem do Sol de um hemisfério ao outro. Sendo assim, passado o equinócio de outono, a expectativa agora é pela entrada da primavera, quando pela segunda vez em 2016 o Sol cruzará a linha do Equador (este ano, no dia 22 de setembro, às 14h21m). Até porque, junto com os equinócios, Macapá assiste ao fenômeno da pororoca, formado, na região, pelo encontro das águas do Amazonas com as do Atlântico. E, graças à pororoca, organiza dois campeonatos internacionais de surfe.

— Em março e setembro, as ondas chegam a quatro metros, fazendo a festa de surfistas de diferentes países — ressalta Borges.

CENTRO OESTE: GOIÁS E O LEITO DO RIO ARAGUAIA

Uma das próximas atrações de Goiás acontecerá entre os dias 20 e 23 de abril, na cidade de Aruanã, às margens do Rio Araguaia, dentro do projeto “Experiências inesquecíveis”. É o evento Aruanã EmCanto, que, em sua terceira edição, terá programação do rock ao sertanejo, com a participação de Alceu Valença, Capital Inicial e Michel Teló. A cidade, maior e mais desenvolvida área urbana no entorno do rio, fica a 320 quilômetros de Goiânia.

Aliás, vai de junho a setembro a temporada de praias no Araguaia, quando as atividades de sol, pesca e náutica se avolumam na região. É nessa época que o leito do rio se estreita, abrindo espaço para os chamados ranchos, construções simples que servem de apoio para o acampamento dos turistas (foto) e que têm uma antiga função social na área: o rio desce, os ribeirinhos são contratados para erguer os ranchos; o rio sobe, os ranchos são levados pela água. E, no ano seguinte, tudo começa novamente.

Mas quem não é de camping, não se incomode. Há uma série de hotéis e pousadas nas cidades que seguem o curso do Araguaia. Alguns deles não só oferecem hospedagem e alimentação, como a infraestrutura necessária à pescaria (barcos, pilotos e até as iscas). Uma boa dica é dar preferência ao período fora das férias escolares, para evitar, digamos, um congestionamento fluvial.

Segundo Brenda Carvalho, assessora especial da Goiás Turismo, três outros destinos turísticos se destacam entre os 51 que a agência governamental do estado listou e estão no site goiasturismo.go.gov.br: Chapada dos Veadeiros, Caldas Novas e Pirenópolis.

NORDESTE: MARANHÃO, VIVA SÃO JOÃO!

“O grande momento do turismo no Maranhão no ano está para chegar”, alerta a secretária municipal de Turismo de São Luís, Maria do Socorro Araujo: é que lá vêm as festas do bumba meu boi, patrimônio imaterial do Brasil, que vão dos meses de junho a setembro:

— São mais de 400 grupos de cinco diferentes sotaques (leia-se ritmo, dança e musicalidade): o boi de orquestra, de matraca, panderões, costa de mão e zabumba — diz, orgulhosa, Maria do Socorro.

Entre os dias 13 e 30 de junho os grupos sairão a brincar pelas ruas de São Luís todos os dias. Depois, as saídas vão se espaçar, até chegar em setembro, quando o boi “morre”, para só “ressuscitar” em 2017.

Maria do Socorro destaca ainda, entre as atrações turísticas do estado, as cidades de Barreirinhas — porta de entrada dos Lençóis Maranhenses — e Alcântara, com seus casarios coloniais e em ruínas, além da Chapada das Mesas.

Criado em 2005, o Parque Nacional das Chapada das Mesas (turismo.ma.gov.br) abrange uma área de 1,6 mil quilômetros quadrados de cerrado. Agências de viagens (no chapadadasmesas.tur.br está uma delas) oferecem pacotes de São Luís até a região, na faixa de R$ 1.500 a R$ 2.500, o que varia segundo o número de dias e dos hotéis escolhidos.


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