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“Falsa via”: MBL mobiliza esquerda para ser braço político de Sérgio Moro

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"Falsa via": amigos da esquerda, MBL se esforça para ser braço político de Sérgio Moro

Brasil – O Movimento Livre Brasil (MBL) quer ser protagonista na construção da campanha eleitoral de Sérgio Moro (Podemos) nas eleições de 2022.  Com cerca de 5,5 milhões de seguidores nas redes sociais onde tem um perfil oficial e apoiado sobretudo pela militância em São Paulo, o MBL quer usar seu capital político e social para aumentar a própria bancada no Congresso.

O MBL trabalha com o lançamento de pelo menos dez candidaturas em 2022. As cinco principais são a do deputado estadual Arthur do Val (Patriota-SP) ao governo de São Paulo; a do deputado estadual Heni Ozi Cukier (Novo-SP) ao Senado; a reeleição do deputado federal Kim Kataguiri (DEM-SP) e as do vereador paulistano Rubinho Nunes (PSL) e da ativista Adelaide Oliveira (Patriota) à Câmara dos Deputados.

Nesta terça-feira (18/1) inclusive, surgiu a informação de que Arthur do Val deve deixar o Patriota para se filiar ao Podemos ainda em janeiro, levando junto outros militantes do MBL.

As outras cinco candidaturas de integrantes do MBL serão para a Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp). Estão previstas as do coordenador nacional do MBL, Renato Battista; da empresária e ativista Amanda Vettorazzo; do coordenador do Plano de Governo de Arthur do Val, Cristiano Beraldo; do vereador Glauco Braido (PSD), de São Bernardo do Campo (SP); e do ativista Guto Zacarias. Outras candidaturas para o Legislativo paulista não estão descartadas.

Por meio dessas dez candidaturas, o MBL espera atingir, sobretudo, o eleitor da “geração Z” – pessoas nascidas entre 1995 a 2010. A coordenação e a militância sabem que o movimento têm maior capilaridade junto ao eleitorado jovem, extrato majoritário da sociedade de onde esperam puxar os votos para eleger seus quadros e Moro.

Encontro com a esquerda

O MBL vende ser uma terceira via desde 2019, quando deixou de apoiar o presidente Jair Bolsonaro, mas assumiu definitivamente uma diálogo ativo com a esquerda em 2021.

Em novembro, o movimento conseguiu reunir em seu congresso anual cinco pré-candidatos à Presidência da República. Em um dos dias do congresso, estiveram presentes os governadores de São Paulo, João Doria (PSDB), e do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), além do ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (DEM) e do empresário e cientista político Luiz Felipe d’Avila (Novo). A senadora Simone Tebet (MDB-MS) cancelou sua participação de última hora. No dia seguinte, Moro foi ao evento.

Contato com Moro

O comparecimento de cinco pré-candidatos ao evento foi considerado um sucesso pelo MBL. A cúpula do movimento sentiu que poderia assumir o protagonismo e continuar vendendo a falsa narrativa de terceira via. Atualmente, os coordenadores têm mantido um diálogo com as equipes desses presidenciáveis, principalmente com a de Moro. Alguns de seus integrantes mantêm um contato direto com o ex-juiz.

A principal estratégia traçada pelo MBL é de que todos seus candidatos sairão candidatos por um mesmo partido. A ideia é transmitir união em torno de um projeto e valorizar seu capital político. A leitura é de que, dessa forma, poderão ter maior poder de influência na discussão da terceira via e maiores chances de sucesso em eleger seus candidatos.

“Nossa estratégia passa por todas as candidaturas serem do mesmo partido. Neste momento, temos conversado bastante [com partidos políticos]”, afirma à Gazeta do Povo o vereador Rubinho Nunes, coordenador jurídico do MBL. “Acho que, em breve, devemos ter definição da sigla para poder tornar público, mas a certeza é que todos vão concorrer pelo mesmo partido”, reforça. A informação de que Arthur do Val irá se filiar ao Podemos dá indicação de que essa será a legenda do MBL e que Moro será o candidato do grupo.

Partidos de apoio

Os coordenadores e integrantes do MBL evitam dar muitos detalhes sobre as conversas com os partidos. Eles admitem, contudo, que conversam com três partidos: o Podemos, o Patriota e o União Brasil (este último, partido que surge da fusão entre PSL e DEM, mas que ainda aguarda a homologação pelo Tribunal Superior Eleitoral, TSE).

As conversas com o Patriota são feitas com o presidente do partido, Ovasco Resende. Filiado ao partido, Arthur do Val é quem capitaneia as conversas pelo movimento, mas ele mesmo não garante a permanência na sigla. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo, ele declarou estar em uma posição de “sentar e exigir”. “A gente fez uma lista de exigências para todos os partidos e estamos conversando.”

Em outra declaração, o pré-candidato ao governo de São Paulo disse “estar” no Patriota e afirmou que irá apoiar Moro “independentemente de qualquer coisa”. De forma reservada, membros do MBL admitem a vontade de se filiar ao mesmo partido do ex-juiz da Lava Jato, o Podemos. Há conversas em andamento com a presidente da legenda, a deputada federal Renata Abreu (SP).

Entretanto, o União Brasil ainda seria outra opção. O deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP), vice-presidente do partido e braço direito do presidente da legenda e do União, o deputado federal Luciano Bivar (PE), mantém conversas próximas com o MBL e Moro. A despeito da sinalização de uma aliança com o Podemos, ainda existe uma esperança do União Brasil em filiar o ex-juiz da Lava Jato.

O grupo partidário de Moro defende sua permanência no Podemos, mas alguns integrantes de seu núcleo pessoal da campanha, que incluem amigos e outras pessoas mais próximas, defendem que ele siga para um partido com maior estrutura partidária. A defesa desses aliados é de que, em uma campanha presidencial, ele vai precisar de um partido mais estruturado e com maior capilaridade.

“Isso é uma coisa que não pode ser descartada. Eu sei que ele é um homem de palavra, mas se ele precisar de uma estrutura e de um diferencial, temos que ir para um partido que ofereça isso. No atual cenário, não vejo outro com essas características além do União Brasil”, diz um integrante da coordenação pessoal de Moro.

Com informações via Gazeta do Povo


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