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Astrônomos divulgam levantamento em infravermelho dos confins do Universo

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RIO – Um grupo de astrônomos divulgou nesta terça-feira os resultados de um levantamento em infravermelho dos confins do Universo. Obtidos ao longo de mais de dez anos, os dados acumulam mais de mil horas de observações da mesma região do céu com o Telescópio Infravermelho do Reino Unido (UKIRT, na sigla em inglês), instalado no Havaí. Ao todo, eles capturaram imagens de mais de 250 mil galáxias, incluindo várias centenas datadas do primeiro bilhão de anos depois do Big Bang, a grande explosão que se acreditar ter originado nosso Universo,

O projeto, batizado Levantamento Ultraprofundo (UDS, também na sigla em inglês), foi iniciado em 2005 e representa ainda a visão mais profunda de uma grande área do Cosmo já capturada. Isso porque as observações em infravermelho são ideais para o estudo do Universo distante, já que a luz visível emitida pelas estrelas e galáxias deste também distante passado foi gradualmente “esticada” para a faixa do infravermelho pela expansão do próprio Cosmo.

– Com o UDS podemos estudar galáxias distantes em um grande número e observar como elas evoluíram ao longo da História do Universo – destaca Omar Almaini, professor da Universidade de Nottingham, no Reino Unido, e líder do grupo, que apresentou os resultados do levantamento durante o Encontro Nacional de Astronomia da Real Sociedade Astronômica, que acontece até sábado na instituição. – Vemos muitas das galáxias em nossas imagens como eram bilhões de anos antes de a Terra ter se formado.

Divulgações anteriores de dados do projeto já tinham servido de base para diversos avanços científicos, incluindo estudos sobre como as galáxias se formaram no primeiro bilhão de anos após o Big Bang e medições de como elas cresceram com o passar do tempo, além de análises da sua distribuição em grande escala que ajudaram a estimar a massa da misteriosa matéria escura que se suspeita responder por cerca de 80% de toda a matéria existente no Universo. E, com os resultados finais do UDS, os cientistas esperam produzir ainda mais descobertas.

– Estamos particularmente interessados em entender as dramáticas transformações que muitas galáxias maciças sofreram há cerca de 10 bilhões de anos – conta William Hartley, pesquisador do University College London. – Naquela época, muitas galáxias parecem ter abruptamente interrompido a formação de estrelas e também mudaram de formato para se parecerem com galáxias esferoidais. Ainda não entendemos bem como isso aconteceu, mas com as novas imagens do UDS esperamos encontrar um grande número destas galáxias passando por esta transformação, de modo que poderemos estudá-las em detalhes para tentar resolver este importante quebra-cabeça.


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