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Rio 2016: Rodrigues Alves recebe novas atrações e empreendimentos

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RIO – Entre os antigos casarões e os armazéns do Cais do Porto, uma via centenária renasceu dos escombros de um viaduto. A Rodrigues Alves, batizada em homenagem a um ex-presidente da República, ressurgiu como avenida após ficar à sombra do Elevado da Perimetral por mais de meio século. De uma ponta a outra, 3,2 quilômetros separam seus extremos. Metade desse trecho, entre a Praça Mauá e o Armazém 6, faz parte da Orla Conde e foi transformada num boulevard. O espaço, todo arborizado, tem banquinhos e deques à beira da Baía. Por ali também circula o moderno VLT, com três pontos de embarque e desembarque de passageiros.

— Ficou lindo, mas faltam gente e comércio — diz a gaúcha Giovana Bandeira, no Rio pela primeira vez.

Lojas, Café e Academia

O sentimento da turista é recorrente na região, mas isso está prestes a mudar. Com tantas transformações, o local tem atraído novos empreendimentos. No quarteirão entre a Rua Edgard Gordilho e a Avenida Barão de Tefé, sete galpões posicionados em frente ao Armazém 2 vão virar estabelecimentos comerciais até o fim do ano. Quem garante é Roberto Kreimer, dono da construtura que leva seu nome e proprietário de quatro desses casarões. A ideia dele é abrir café, academia, loja e restaurante.

— Vamos fazer a reforma para inaugurar as lojas até o fim deste ano. Estamos formatando o negócio com os interessados. Ainda não posso revelar quem são, mas a ideia é agilizar, porque o local foi revitalizado, mas carece de serviço — diz Roberto. — Além dos quatro casarões, quero negociar os outros três imóveis ao lado. A intenção é aproveitar tudo. Essa região do Porto é espetacular. Em breve, todo mundo vai querer estar estar nesse lugar.

A empolgação do empresário vai além. Ele estuda erguer prédios 100% residenciais na região, de dez andares. Mas o cenário econômico incerto fez a construtora pisar no freio por enquanto.

Acesso liberado ao público

Uma outra novidade também promete aumentar a circulação na região. Nas próximas semanas, será concluído o processo para desalfandegar os armazéns 1 e 2. Em outras palavras, será liberado o aceso do público ao interior desses espaços, inclusive o cais que beira a Baía de Guanabara. O Armazém 3 já passou pelo mesmo processo. O acordo foi firmado entre a Companhia Docas do Rio de Janeiro e o arrendatário, a Pier Mauá S/A.

O antigo desejo da prefeitura é ver os armazéns 2 e 3 com atividades ligadas ao setor gastronômico. Durante a Olimpíada do Rio, o Armazém 2 será a sede da Casa Brasil, um espaço para reunir torcedores fora dos locais de competição, que poderão assistir gratuitamente às disputas. No 3, a Coca-Cola, patrocinadora oficial do evento, criará um ambiente temático. No Armazém 1 ficará o YouTube Space, com estúdios e salas para cursos ligados ao audiovisual. Neste caso, a estrutura será permanente.

— O Porto precisa disso. Depois que a infraestrutura ficou pronta, resta às pessoas ocuparem a área — diz Jorge Arraes, secretário especial de Concessões e Parcerias Público-Privadas.

Na área onde as obras estão concluídas na Rodrigues Alves, dois projetos são considerados âncoras, segundo a prefeitura, para o renascimento permanente da avenida. Um deles, já com licença para obras, ficará no Moinho Fluminense, no prédio onde funcionou a primeira fábrica de moagem de trigo do país. O imóvel será transformado num complexo empresarial, residencial e hoteleiro. O conjunto de prédios tombados e o terreno, que ocupam uma área de cem mil metros quadrados, passarão por obras de R$ 1 bilhão, e a previsão de entrega de parte da estrutura é em 2018.

Outro projeto, o Aquário Marinho, não deve ficar pronto antes do Jogos, segundo o biólogo e diretor-presidente do espaço, Marcelo Szpilman.

— Estamos entrando, em breve, em uma fase de captação de água salina e, aos poucos, vamos começar a povoar os tanques com os peixes. Essa parte necessita de uma quarentena para não colocar os animais em risco. O tempo para uma obra é calculado de um jeito e, para o povoamento, o processo é outro. O mais provável é que a gente abra as portas depois das Olimpíadas — afirma Szpilman.

Em agosto, será parcialmente inaugurada no boulevard a Fábrica de Espetáculos, que funcionará como anexo do Teatro Municipal. No futuro, abrigará sua nova Central Técnica de Produções, com oficinas de produção de cenários e figurinos. Durante os Jogos, o local vai se transformar na Casa Rio.

Ao lado do imóvel, em breve abrirá as portas uma filial do D-Edge, famoso clube noturno de São Paulo. Ele ocupará cinco andares num antigo galpão perto do Armazém 6, misturando a cena musical contemporânea com design. O local ainda está em obras.

No trecho da Avenida Rodrigues Alves entre a Rua Rivadávia Corrêa e a Rodoviária Novo Rio, as transformações são menos visíveis e caminham mais lentamente. Por ali, a Biblioteca Nacional pretende construir a Hemeroteca Nacional (para seu acervo de jornais). De acordo com a instituição, as obras começam neste semestre e devem durar um ano e meio. Em relação à habitação, ainda não há imóvel licenciado beirando a Rodrigues Alves. Mas três empreendimentos comerciais já receberam o aval para serem erguidos. Um deles, o Pátio Marítima, já está com o esqueleto pronto.

Área terá hospital

Presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio (Cdurp), Alberto Gomes diz que o projeto de urbanização deve ser trabalho a longo prazo:

— Não dá para achar que vai subir um prédio residencial atrás do outro. Estamos atentos ao número de empreendimentos comerciais, pois, à medida que ficam prontos, precisam ser ocupados. A região, claro, precisa ter mais prédios residenciais. Na Rodrigues Alves, ainda não há nenhum, mas estamos com um investidor interessado num imóvel perto da Novo Rio.

Alberto lembra que o Hospital Sírio-Libanês se instalará no Porto, perto da Avenida Francisco Bicalho:

— A chegada de um hospital renomado, como o Sírio-Libanês, trará ainda mais investimentos para o entorno.

Arquiteto e urbanista, Fernando Janot acredita que, se a prefeitura tivesse privilegiado o setor de habitação desde o início das obras no Porto, a região já estaria em uma fase diferente:

— O foco na habitação é o melhor, mas não foi o que ocorreu. Por enquanto, a região ainda ficará cheia durante o dia e vazia à noite, como ocorre no Centro.

Para o historiador Marcus Dezemone, professor da Uerj, não dá para comparar o caso da Lapa, por exemplo, com o que acontece hoje na Zona Portuária:

— A Lapa foi revitalizada, mas não dá para fazer um paralelo. O poder público precisa garantir o uso misto do local.

Presidente-executivo do Rio Convention and Visitors Bureau, Alfredo Lopes está otimista em relação ao futuro da região:

— O Porto tem capacidade para mudar o comportamento do turista no Rio. Acredito que em breve será o novo “point” da cidade, um local cobiçado.


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