Brasília Amapá |
Manaus

Mototaxista morre ao ser baleado em tiroteiro entre policiais e traficantes

Compartilhe

O ajudante de pedreiro e mototaxista Agnaldo José do Nascimento, de 36 anos, morreu ao ser atingido por dois tiros, um nas costas e outro na nuca, na Comunidade Fazendinha, no Complexo do Alemão, na madrugada deste sábado. Moradores que passavam pelo local dizem que policiais militares estão envolvidos na morte. Já a Policia Militar, afirma que Agnaldo foi baleado durante uma troca de tiros com bandidos. Thayane Muniz, de 19 anos, que estava na garupa da moto, foi atingida por estilhaços.

Segundo o comando da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Fazendinha, policiais estavam em patrulhamento pela Rua Austregésilo quando avistaram homens armados no Beco da Claro. Houve troca de tiros. Os suspeitos fugiram e, em seguida, os agentes foram avisados de que um homem havia sido atingido. Os PMs localizaram o ferido e o levaram para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.

Segundo a irmã de Agnaldo, a dona de casa Maria Aparecida do Nascimento, de 45 anos, ele trabalhava como mototaxista nos finais de semana, para complementar a renda, e, de segunda a sexta, era funcionário nas obras do BRT Transbrasil.

— Vizinhos correram até a minha casa para contar o que aconteceu, mas quando cheguei lá eles já haviam o levado — diz.

Uma moradora, que não quis se identificar, conta que, após ouvir os tiros, correu para a janela para ver o que tinha acontecido.

— Vi três policiais se aproximarem com uma viatura. Eles reviraram o rapaz de um lado para o outro e cataram as cápsulas que estavam no chão. Algumas pessoas que passavam na rua chegaram a gritar que se tratava de um trabalhador. Logo depois, eles (policiais) colocaram o corpo dentro de uma viatura e saíram.

Além de inconformada com a morte do irmão, Maria Aparecida disse estar também revoltada com a falta de informações.

— Como disse, fomos avisados por moradores que ele foi baleado, mas ninguém nos avisou para onde ele foi levado. Soubemos horas depois que ele foi enviado para o Getúlio Vargas. Agora, a informação é que o corpo está no IML — diz ela, que espera o corpo ser liberado para velá-lo numa capela em Inhaúma. Maria Aparecida espera poder enterrar o irmão amanhã às 10 horas.

Por meio da assessoria, a UPP afirmou que a família não foi informada sobre a morte de Agnaldo porque no momento em que os policiais o levaram para o hospital, ele ainda estava vivo, mas sem condições de falar, de passar informações que o identificassem.

A passageira, Thayane, disse que os PMs encontraram um grupo de homens, supostamente traficantes, e a troca de tiros começou. Ela trabalha como vendedora ambulante e, na hora do confronto, estava voltando para casa.

— Fomos atingidos e, depois, os PMs me levaram para o hospital — disse a jovem, que já prestou depoimento.

Ainda chocada, a família de Agnaldo, que mora há cerca de 20 anos no Complexo do Alemão, não se conforma com a morte do mototaxista.

— Meu irmão era trabalhador e morreu trabalhando. O que queremos é justiça, para que nenhum outro trabalhador se torne vítima do próprio estado — disse Maria Aparecida, revoltada.

Edvaldo José, primo de Agnaldo, disse que ele não era bandido e que nunca havia se envolvido com drogas ou em qualquer outra confusão.

— Não era para ser assim. Foi muita covardia o que fizeram com ele. Quando viram que foi atingido, o arrastaram para dentro do carro. Ele era um cara que gostava de todo mundo e era muito querido também _ diz.

Já Iracema Francisca Alexandre, de 37 anos, ex-mulher de Agnaldo, afirmou que o filho deles, de 8 anos, ainda não sabe da morte do pai.

— O pai dele tinha prometido almoçar com ele hoje. Não sei o que dizer para o meu filho. Estávamos separados há 6 anos, mas éramos muito amigos — conta.

A Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) Fazendinha informou, em nota, que policiais estavam em patrulhamento pela Rua Austregésilo, no fim da madrugada deste sábado, quando avistaram homens armados no Beco da Claro. Houve troca de tiros. Os suspeitos fugiram e, em seguida, os agentes foram avisados de que um homem havia sido atingido. Os PMs localizaram o ferido e o levaram para o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha.

“O homem não resistiu aos ferimentos. Outras UPPs do Complexo do Alemão se juntaram à UPP Fazendinha para realizarem buscas pelos suspeitos. Três jovens, sendo dois menores e um maior de 18 anos, foram abordados por policiais da UPP Adeus/Baiana, na Rua Uranos, em atitude suspeita. Ao ser realizada revista, os agentes encontraram um revólver calibre 38 com oito munições em posse do maior, além de três cartuchos de munição. Já agentes da UPP Nova Brasília que realizavam buscas pela Estrada do Itararé foram alvos de disparos de armas de fogo efetuados por traficantes quando passavam pela esquina com a Rua Aristóteles Ferreira. Os PMs não chegaram a revidar o ataque. As ocorrências foram registradas na Central de Garantias, da Cidade da Polícia e a Divisão de Homicídios da Polícia Civil esteve no Beco da Claro realizando perícia no local. O Grupamento de Intervenções Táticas (GIT) das UPPs reforça o policiamento no complexo de favelas”, finaliza a nota.


...........

Siga-nos no Google News Portal CM7