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Lellêzinha lembra de atitude racista da polícia em blitz, em evento na Maré

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RIO – Após apresentação no evento de lançamento da campanha “Somos da Maré. Temos Direitos”, na manhã deste domingo, pela segurança no Complexo da Maré, por parte das autoridades policiais, a cantora Lellêzinha, do Dream Team do Passinho, lembrou que, na semana passada, sofreu com a atitude racista dos PMs numa blitz, na Avenida Niemeyer, ao voltar para casa, após show na Zona Sul.

— Me perguntaram de onde eu era e o que ia fazer, mas de forma bastante autoritária e arrogante. É muito estranho ser questionada pela polícia como se eu tivesse feito algo de errado, só pelo fato de eu ser preta. Por isso, para mim, é muito importante participar de um evento como este — disse..

Essa é a segunda edição da campanha, que foi lançada em 2012. Para este ano, foi produzida uma cartilha, com a ajuda da população local.

— Fizemos uma avaliação da primeira fase da campanha, com 900 moradores. Perguntamos o que eles haviam aprendido para podermos preparar um novo material, que fosse eficiente para eles — explica a diretora do Observatório de Favelas, Raquel Willadino.

No dia 16 e 30, a ação se repetirá, respectivamente, na Praia de Ramos e na favela Nova Holanda. Enquanto a maneira de proceder da polícia com os moradores do Complexo da Maré não mudar, a gerente executiva da ONG Lupa pela Paz garantiu que essa capanha terá novas edições.

— Acredito muito em ações em conjunto, como essa. Quanto mais a gente se mobilizar e os moradores saberem os direitos deles, mais teremos pessoas engajadas na luta contra as atitudes violentas da polícia no complexo. O trabalho é de formiguinha , mas não pode parar — afirmou ela, acrescentando que a data do evento coincide com a manifestação na Avenida Brasil, em que os moradores das favelas da Maré, protestavam contra a chacina que vitimou nove moradores do local, há três anos. — Não acho que muita coisa melhorou de lá para cá. Só mesmo o trabalho em conjunto das ONGs.

De acordo com a assistente social da ONG Redes da Maré, Eliana Sousa Silva, desde a primeira edição da campanha, em 2012, os moradores passaram a procurar a organização para entender sobre essas violações.

— Essa demanda cresceu tanto que passamos a criar um serviço especial de orientação para essas pessoas. E, a partir desse ano, passamos a oferecer asssitência jurídica. Além dos esclarecimentos e orientações, acompanhamos os procedimentos que eles tomam. Por sermos de uma instituição local, temos a confiança dos moradores, o que não há com a iniciativa pública.

A iniciativa conta com a parceria das associações de moradores da região, da Luta pela Paz, do Observatório de Favelas, do Vida Real, da Anistia Internacional, da Actionaid, do Instituto de Estudos da Religião, ISER, o Centro de Estudos de Segurança e Cidadania, CESEC e da Casa Fluminense. Nos próximos três meses, 20 voluntários vão distribuir a cartilha produzida nos 45 mil domicílios do complexo, que, segundo o Censo Maré 2015, conta com 140 mil moradores.

— Não vamos apenas entregar o material. Teremos uma conversa com os moradores de casa em casa. A nossa proposta é mais pedagógica, de mobilizar os moradores da Maré como agentes ativos de segurança pública nas favelas — contou Raquel.


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