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‘A cidade era perigosa há dez anos e ainda é agora. Nada mudou’, diz atleta espanhol

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RIO— Medalhista olímpico, o atleta espanhol Fernando Echávarri passou por um apuro na última sexta-feira, quando ele e dois colegas da equipe de vela da Espanha foram abordados por assaltantes armados, em Santa Teresa. Apesar do susto, Echávarri conta que essa não foi a primeira vez que engrossou as estatísticas de violência na Cidade Maravilhosa. Em 2009, o atleta também foi abordado por criminosos em Copacabana. As duas experiências compõem as únicas vezes na vida em que o esportista foi vítima de bandidos. A pouco mais de dois meses dos Jogos Olímpicos do Rio, o velajador critica a segurança na cidade e fala sobre a dificuldade de treinar na Baía da Guanabara: “As autoridades precisam estar atentas.”

– Pode me contar o que aconteceu na última sexta?

Temos um apartamento em Santa Teresa, onde ficamos hospedados quando estamos aqui, estávamos indo tomar café na Glória, por volta das 10h da manhã, quando fomos abordados por cinco rapazes. Eles vieram correndo e apontaram a pistola para nós. Queriam tudo: dinheiro, telefones, bolsa… Estavam muito nervosos, creio que, provavelmente, estavam drogados. Foi tudo bem rápido, acho que durou uns três minutos, porque alguns vizinhos viram da janela o que estava acontecendo e começaram a gritar, então eles se assustaram e correram.

– Como se sentiu quando foi abordado?

– Só pensava que era uma situação muito perigosa, porque aqui eles disparam e só depois pensam. Eram rapazes muito novos, creio que tinham entre 15 e 18 anos, o que torna a situação pior, porque jovens nessa idade não pensam muito antes de tomar uma atitude. E eles estavam muito nervosos.

– Foi a primeira vez que você foi assaltado?

Não. Já fui assaltado outra vez, quando estive no Rio em 2009 para um regata. Foram as duas únicas vezes na minha vida em que fui assaltado, as duas aqui. Da outra vez, eu e um amigo fomos abordados em Copacabana, o assaltante estava armado com facas.

– Após essas experiências, qual sua opinião sobre a cidade?

As pessoas são muito agradáveis aqui, a polícia se portou muito bem nas duas vezes que fui assaltado. O problema é que há muita pobreza e as pessoas que não têm nada vão onde os turistas estão para roubá-los. É perigoso. A cidade era perigosa há dez anos e ainda é perigosa agora, nada mudou.

– Vocês vão voltar mais cedo para Espanha devido ao ocorrido? Como seus colegas estão?

Não mudamos nossos planos por conta do que aconteceu, seguimos fazendo o mesmo. Vamos voltar para Espanha na quarta-feira, mas porque temos uma prova na Inglaterra. Meus colegas ficaram assustados, eles nunca tinham sido assaltados. Agora eles não querem mais caminhar pelas ruas, querem fazer tudo de carro.

– Tem treinado na Baía de Guanabara? Como tem sido?

A Baía está muito suja, está horrível. Cheia de animais mortos, cheia de lixo. É muito difícil velejar porque o barco engancha em todos os objetos e para. É péssimo. É fundamental que limpem a Baía antes dos jogos, não que precisem despoluir a água totalmente, mas é necessário ao menos recolher o lixo.

– Qual sua expectativa em relação aos Jogos Olímpicos no Rio?

Estou certo de que serão bons jogos. No entanto, as autoridades precisam estar atentas a questões como segurança, a descontaminação da Baía, onde ocorrerão provas importantes. Ainda é necessário trabalhar forte nessas áreas. Agora há um descontentamento da população com as Olimpíadas, mas sabemos que quando as competições começam todos acabam ficando muito contentes.


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