Rio Negro sobe 50 centímetros acima do nível de 2024 após fortes chuvas
Amazonas – As fortes chuvas que atingem o Amazonas têm causado uma rápida elevação nos níveis dos rios da região. Em Manaus, o Rio Negro alcançou 20,56 metros nesta segunda-feira (13), superando em 50 centímetros o nível registrado no mesmo período do ano passado. O fenômeno reflete o impacto do inverno amazônico, período marcado por intensas precipitações.
Em 2024, o Rio Negro enfrentou a maior seca em mais de um século, registrando apenas 12,11 metros no ponto mais baixo. A estiagem alterou drasticamente o cenário local, revelando bancos de areia na orla da Ponta Negra, o que dificultou a navegação e afastou embarcações do tradicional ponto de atracação. A seca também afetou a logística do Polo Industrial de Manaus, forçando empresas a utilizarem estruturas alternativas para escoar mercadorias, como píeres flutuantes em Itacoatiara. No total, mais de 800 mil pessoas no estado foram impactadas pela estiagem histórica.
Retomada das águas
Desde novembro de 2024, o Rio Negro tem apresentado um padrão de elevação consistente. O Porto de Manaus informou que, apenas nas duas primeiras semanas de janeiro de 2025, o rio subiu 2,16 metros, com um ritmo médio de 16 centímetros por dia. Entre 4 e 6 de janeiro, foi registrado um aumento expressivo de 63 centímetros.
No mesmo período do ano passado, o nível do Rio Negro era de 20,06 metros, marcando uma diferença significativa no comparativo entre os dois anos. Em 2024, o maior aumento diário foi de 15 centímetros, destacando a intensidade das chuvas deste ano.
Interior do estado e alerta meteorológico
Outras regiões do Amazonas também registraram elevações importantes nos níveis dos rios. Em Itacoatiara, o Rio Amazonas chegou a 7,19 metros, enquanto o Rio Solimões marcou 9,02 metros em Tabatinga e 12,02 metros em Coari.
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) emitiu um alerta de chuvas intensas e ventos de até 60 km/h para esta terça-feira (14). Há risco de alagamentos, queda de árvores e interrupções no fornecimento de energia elétrica. A população foi orientada a evitar abrigos sob árvores, estacionar longe de placas e torres e não utilizar aparelhos eletrônicos conectados à tomada durante as tempestades.
Com o retorno da cheia, o cenário começa a transformar a orla manauara, trazendo esperança de recuperação para setores afetados pela seca, como o turismo, que já recebeu o primeiro cruzeiro da temporada com 1,3 mil turistas. A expectativa é de que novas embarcações cheguem à capital nas próximas semanas, movimentando a economia local e resgatando a tradicional ligação da cidade com os rios que a cercam.