Profissionais da saúde do “Melhor em Casa” entram em greve após quatro meses de salários atrasados
Amazonas – Mais de 230 profissionais da saúde que atuam no programa “Melhor em Casa”, coordenado pela Secretaria de Estado da Saúde (SES) do Amazonas, entraram em greve após ficarem quatro meses sem receber seus salários. Médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fonoaudiólogos, fisioterapeutas e outros trabalhadores que prestam serviços de atendimento domiciliar a pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) denunciaram, nesta quinta-feira (30), a grave situação de atraso nos pagamentos, sem previsão de regularização.
Em um ato realizado na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), a categoria expôs a indignação com a falta de compromisso do governo estadual, não apenas pelos salários em atraso, mas também pelo não pagamento do 13º salário de 2024, do vale-transporte e pela suspensão do vale-alimentação, que, embora não esteja sendo reposto, continua sendo descontado dos contracheques.
Além dos problemas financeiros, os profissionais também alertaram para a falta de depósito do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), que é descontado mensalmente pela empresa responsável pela gestão do programa, a Sustentabilidade, Empreendedorismo e Gestão em Saúde do Amazonas (Segeam).
O programa “Melhor em Casa” foi lançado pelo governador Wilson Lima (União Brasil) em janeiro de 2024, com o objetivo de oferecer cuidados de saúde a pacientes em situação de vulnerabilidade, diretamente em suas casas. Apresentado como um grande avanço para o sistema de saúde do Amazonas, o programa, entretanto, parece estar enfrentando dificuldades estruturais, que não se refletem apenas nas promessas de publicidade feitas pelo governo.
Profissionais de saúde do programa criticam também a centralização dos atendimentos no Complexo Hospitalar da Zona Sul, que inclui o Hospital 28 de Agosto e o Instituto Dona Lindu. Segundo a categoria, essa centralização tem sobrecarregado o sistema e dificultado o atendimento de qualidade à população.
A empresa goiana Agir, contratada para a gestão do programa, recebeu adiantamento de mais de R$ 42 milhões para a execução de serviços. No entanto, os profissionais de saúde alegam que, em vez de melhorias, o que ocorreu foi um agravamento da situação, com dificuldades cada vez maiores para atender adequadamente os pacientes.
Até o momento, o governo do Amazonas não se manifestou oficialmente sobre a greve dos profissionais de saúde. A falta de respostas por parte das autoridades tem aumentado a tensão entre os trabalhadores, que afirmam que, sem uma solução imediata, a greve continuará por tempo indeterminado. O movimento ganha força entre os profissionais, que já buscam apoio de outras categorias da saúde e da sociedade civil para pressionar pela regularização dos pagamentos e pela melhoria das condições de trabalho no programa.
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